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Preços sobem no começo de fevereiro

IGP-M teve alta de 1,10% e foi puxado pelos dados do atacado, que registrou variação positiva de 1,34%

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
20/02/2010 | 07:00
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O movimento dos preços entre o dia 21 de janeiro e os dez primeiros dias de fevereiro, apontado pelo IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), avançou 1,10%, sobre o mesmo período dos meses anteriores. A responsabilidade de boa parte deste aumento foi do IPA (Índice de Preços por Atacado), que registrou variação positiva de 1,34%.

O IGP-M é apurado pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). O indicador é composto, além do IPA, pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção). O resultado, apresentado ontem, serve como prévia do que acontecerá com os preços em fevereiro.

Para o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros, a alta nos preços reflete o processo de retomada do mercado em geral, depois dos abalos causados pela maré vermelha econômica. "Com a retomada e a demanda por vários produtos e serviços se recuperando, os fabricantes começam a reajustar os seus preços a patamares pré-crise", explica.

Ele completa que "é natural que diante de um quadro de expansão econômica, comece uma recuperação dos preços", completa.

Dentro do IPA, que puxou para cima o indicador, os itens que mais contribuíram para erguer o índice foram o açúcar cristal, com alta de 20,68%, a laranja (37,10%) e a cana-de-açúcar, que avançou 4,48%.

Quadros explica que os preços dos alimentos, grupo responsável por 13% do IPA, que automaticamente tem grande peso no IGP-M, avançaram devido ao período de entressafra. Assim, a oferta diminui e, para compensar, sobem os preços, segundo o coordenador.

CONSUMO - O leite tipo longa vida, junto ao açúcar refinado, defenderam o grupo alimentos entre os itens que mais alavancaram a inflação ao consumidor, vista pelo IPC. As variações foram, respectivamente, de 3,89% e 7,59%.

A tarifa de ônibus urbano (4,52%), gasolina (1,97%) e álcool combustível (8,34%) tiveram maior peso para inflar o IPC.

Laranja prejudica resultados de lanchonetes

O IPA (Índice de Preços por Atacado), que variou positivamente em 1,34% contra 0,44% na apuração anterior, foi o pilar mais forte da alta do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), entre os dias 21 de janeiro e 10 de fevereiro. Dentro do indicador do atacado, os maiores vilões foram o açúcar cristal, com alta de 20,68%, e a laranja, cujos preços subiram 37,20%. E quem sofreu foram as lanchonetes.

Os dois produtos, que são os principais itens do suco de laranja, pesaram nos resultados dos pequenos estabelecimentos, como ocorreu na CS Sucos e Lanches, em São Caetano. De acordo com o sócio-proprietário Celso dos Santos, desde o começo do ano, "o faturamento caiu em média 15% a 17%".

Ele atribuiu o mau resultado à migração dos clientes, que reclamaram do reajuste do suco de laranja, que passou de R$ 1,50 para R$ 2,50. "Há dois meses, eu comprava a caixa com 12 dúzias de laranja, no atacado, por R$ 16. De lá para cá cheguei a pagar R$ 28 e agora compro por R$ 25", argumenta Santos.

Os preços do açúcar também pesaram na hora de comprar os ingredientes dos sucos. "Eu pagava R$ 1,10 no pacote de açúcar. Agora está R$ 2,20", comenta Santos.

Em Santo André, o diretor da Atlanta's Fast Food Lanchonete e Restaurante, Manuel Dias, diz que a solução para resistir à alta dos preços foi perder nos ganhos. "Nós optamos por manter todos os preços e tivemos uma queda de, aproximadamente, 20% no lucro", conta.

Ele mantém o humor e afirma que "é necessário tocar o barco sem que ele naufrague".

Contrato de aluguel utiliza indicador anualisado

O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), apurado pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), é um dos principais indexadores dos preços de aluguéis de imóveis.

De acordo com o consultor de locações do Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo), Cícero Yagi, "cerca de 90% dos aluguéis são corrigidos pelo indicador". Porém, a variação positiva apresentada ontem, de 1,10%, não é motivo para pânico.

Os aluguéis são reajustados, normalmente, com base no acumulado do indicador em 12 meses. E quem espera o aumento na parcela para este mês contará com avanço de 0,17% no IGP-M. Ou seja, variação anualizada menor do que a registrada em um mês.

Mas o diretor do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Francisco Funcia, avisa que "está aceso um farol amarelo" de atenção para a variação dos preços nos próximos meses. "E pode haver reajuste maior nos aluguéis mais para frente", avalia o acadêmico.

Funcia comenta que as previsões do mercado indicam que o IGP-M acumulado em 2010 chegue ao patamar de 4,5%. E se o contrato do aluguel estipular que o reajuste é feito com base no indicador anual, os preços tomarão como base, provavelmente, o percentual previsto.




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