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Há 25 anos x-salada faz sucesso no Barcelona

Chapeiro Carlão ganhou popularidade em São Caetano com lanche pedido há gerações

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
03/06/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Pão, hambúrguer, queijo, salada fresca e maionese. Os ingredientes são simples, mas nas mãos do chapeiro Carlos Alberto Lucas de Azevedo, o Carlão, 53 anos, transformam-se em um delicioso x-salada que há 25 anos é o maior sucesso culinário do bairro Barcelona, em São Caetano. A fama é tanta que ele contabiliza cerca de 2 milhões de lanches já produzidos na padaria em que trabalha, localizada na Rua Flórida.

Natural de Recife, capital de Pernambuco, ele chegou a São Caetano em 1978, acompanhado da primeira mulher e da família dela. Antes de ter os alimentos como companheiros diários de trabalho, passou por algumas fábricas, mas o ambiente restrito não agradou. “Dentro de uma empresa a gente fica fechado, e eu gosto de lidar com o público”, fala. Foi então que surgiu a oportunidade de trabalhar em uma padaria no bairro Nova Gerty, também na cidade, onde aprendeu a preparar lanches. Ao ficar desempregado, o então cunhado, que trabalhava na panificadora do Barcelona, lhe falou sobre a abertura de uma vaga para chapeiro, Foi onde Carlão aprimorou seus conhecimentos.

O lanche farto, bem diferente dos convencionais, logo rendeu reconhecimento, que agrada gerações de famílias. “Tem gente que vinha com 6, 7 anos comer lanche e hoje traz os filhos”, diz ele, ressaltando que os sanduíches fazem parte do cardápio de datas especiais celebradas pelos clientes. “Muitas pessoas vêm aqui comemorar o aniversário com bolo e x-salada”, conta.

E qual o segredo do sucesso que se mantém ininterrupto há mais de duas décadas? Modesto, ele não se dá o crédito. “O sucesso é da padaria, pois a maioria dos produtos que compõem o x-salada é feita aqui, apenas complemento”, frisa, atribuindo ainda ao preço atrativo: R$ 6,25.

Mas Carlão sabe que um dos diferenciais para ter êxito em qualquer coisa que se faça está em um ingrediente especial: a dedicação. “Tudo o que se faz tem de ser com amor, e eu faço o que gosto”.

A entrevista teve de ser breve, já que a chapa repleta de pedidos aguardava por Carlão. A reportagem do Diário aproveitou a oportunidade para experimentar a especialidade do chapeiro e acrescentar uma crítica gastronômica. A avaliação? Aprovadíssimo, Carlão!

Salão de cabeleireiro mantém clientela fiel

Um simpático comerciante do bairro Barcelona faz a cabeça, literalmente, de centenas de pessoas, há quase cinco décadas. Na Rua Taipas, o salão do cabeleireiro João Carelli, 69 anos, está localizado no mesmo endereço desde 1965. O ofício foi ensinado pelo pai, que, inclusive, serviu de influência para que praticamente toda a família seguisse o ramo.

Carelli, nascido em Marília, interior do Estado, atuava em salão no bairro Liberdade, na Capital, e comprou o estabelecimento de São Caetano para o pai. “Ele ficou doente e comecei a tomar conta do negócio. Meu pai faleceu e continuei. Fui fazendo cursos para me aprimorar e não parei mais”, conta.

Homens, mulheres e crianças saem do estabelecimento com novo visual. O estilo sensação – principalmente entre a garotada – é o do jogador de futebol Neymar. O corte masculino custa R$ 20 e o feminino, R$ 30. O salão funciona de terça-feira a sábado, das 8h às 19h.

Carelli trabalha com um dos três filhos do primeiro casamento, Alessandro, 37, e a atual mulher, Cleide Redondo Campos, 64, que possui salão ao lado do marido e atende exclusivamente a clientela feminina.

O salão é um ambiente de amizade. Lá, conversa-se de tudo, da novela aos problemas do município. O último assunto, aliás, fez com que ele se candidatasse a vereador por duas vezes, alcançando votação para ocupar a primeira suplência do cargo. “Só a carreira política me faria largar o salão, para que pudesse me dedicar ao máximo a fazer uma cidade cada vez melhor”, fala.

O clima amistoso e a competência no trabalho garantiu clientela fiel. O aposentado Pepe Cortizo, 67, sai há 40 anos do bairro onde mora, no Jardim Aeroporto, na Capital, para cortar o cabelo com Carelli, que conheceu na época em que o profissional atuava na Liberdade. “Ele é muito bom”, elogiou.

“Além de simpático, ele é quase um irmão para mim”, ressaltou o engenheiro Nelson Caetano Fernandes, 57, freguês há duas décadas.

Carelli fala que a conquista de tanto apreço – e a capacidade de mantê-lo por tanto tempo – tem receita simples. “Perseverança e muito amor à profissão, que nos leva sempre a fazer o melhor”.

Igrejas ortodoxas reforçam religiosidade da população

Fundadas por grupo de ucranianos que foi deportado para a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial e enviado ao Brasil após o término do conflito, o bairro Barcelona possui duas das três igrejas ortodoxas da nacionalidade existentes no Estado de São Paulo (a outra fica em Osasco).

Uma das paróquias, a São Valdomiro, instalada na Rua dos Ucranianos, é uma réplica em miniatura da Catedral de Santa Sofia, em Kiev, capital da Ucrânia, e foi inaugurada em 1953. “Essa igreja foi construída no intuito de preservar os costumes e tradições”, conta o padre Venceslau Francisco Krokosz, 46 anos.

A Igreja Ortodoxa é cristã, com doutrina semelhante à da Igreja Católica. Uma das diferenças refere-se à vida particular do padre, já que na igreja ortodoxa os líderes religiosos podem se casar.

Em média 30 pessoas participam de cada comunidade. A maioria tem familiares residentes na Ucrânia e acompanha os conflitos que acontecem no país com grande apreensão. A desistência do governo em se aliar à União Europeia levou milhares de pessoas às ruas, reprimidas pelo Estado com violência.

“Procuramos não misturar política com religião, mas, no âmbito paroquial, todos os domingos rezamos e pedimos que Deus interceda pelo nosso povo”, fala o padre.

Paróquia é referência católica na cidade

Localizada na Rua Flórida, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, construída em 1949, é referência católica não só no bairro Barcelona, mas em toda São Caetano. O amplo espaço com capacidade para 600 pessoas sentadas recebe, em missas realizadas de terça-feira a domingo, devotos do município e também de várias regiões da Capital. “Pessoas da comunidade e de fora vêm aqui fazer seus pedidos e já conseguiram muitas graças”, destaca o coordenador de pastorais Afonso Gloeden Durante, 63 anos.

O trabalho espiritual também é difundido pela rede social, por meio de página no Facebook (www.facebook.com/nsaparecidascs), onde diariamente são divulgadas mensagens. “Temos que usar todos os meios para divulgar a fé, o mundo precisa”, ressalta Durante.

Além de celebrar a Deus e promover a fé, a paróquia possui valioso espaço que auxilia centenas de mães. O mesmo terreno da igreja, construída em 1949, abriga creche que atende 106 crianças de 3 a 6 anos.

“Em 1968, o padre Olavo Paes de Barros Filho, que já morreu, reivindicou uma creche que ajudasse às mães carentes que precisam trabalhar e não têm onde deixar os filhos. Ele conseguiu ter o pedido atendido e o nome da creche é uma homenagem à mulher do governador da época, Laudo Natel”, recorda Durante. Hoje, a unidade é subsidiada pela Prefeitura de São Caetano. 




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