Cultura & Lazer Titulo Dança
Roberto Gyarfi
forma discípulos

Oficina introduz a técnica de litogravura aos
participantes de curso na cidade de S.Caetano

Caroline Garcia
03/02/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A resposta de todos os alunos é unânime. Assim como a do professor. “Faço arte desde sempre. Já nasci gostando.” Desde o dia 14 de janeiro, 20 participantes colocam mais uma vez a mão na massa, só que agora o trabalho é na pedra, na oficina Ateliê Experimental de Técnicas de Artes Gráficas com o Mestre Impressor Roberto Gyarfi.

 Sempre transitando por entre os alunos e esclarecendo dúvidas, o artista, que também é conhecido como Alemão, observa se a teoria e prática estão se fundindo por meio de mãos novatas e também experientes, que já tiveram oportunidade de acompanhar outras oficinas do morador de Santo André. 

 “Passar meu conhecimento de quatro décadas adiante é fácil, faço isso desde que eu comecei. Preciso saber se está sendo fácil para eles. E a partir do momento que o resultado começa a sair, é muito gratificante” diz Gyarfi.

 A oficina de 30 horas, promovida pela Fundação Pró-Memória, de São Caetano, começou dia 14 de janeiro e vai até dia 15 de fevereiro. “A litogravura (técnica que consiste em criar imagens sobre uma pedra calcária) não é um trabalho rápido, temos um desafio de um mês.” Primeiramente, os alunos fizeram uma colagem para que tivessem contato com diversos tipos de materiais. Depois, foram preparadas as pedras, escolhidos os desenhos e especificados os materiais adequados. “Só aí, quando todos estavam bem à vontade, partimos para a produção”, explica. 

 Alguns alunos transferiram o desenho no papel para a pedra e outros, com mais facilidade, desenhavam direto na matriz calcária, como o artista Tony Gonzagto. Morador de Paranapiacaba, o arte-educador já teve trabalhos expostos no México, Bolívia, Peru, Japão e Estados Unidos. “É a quinta vez que participo do curso e sinto que venho melhorando como artista.”

 Também em sua quarta oficina de Gyarfi, Mireille Lerner já teve sua própria escolinha de arte, mas hoje enxerga o desenho como forma de prazer e não um trabalho. “Nasci com pincel e lápis na mão. Meu pai também pintava e herdei isso dele. Não consigo me ver fazendo outra coisa diferente.”

 O desenho de Célio Rosa estava guardado havia 27 anos, desde quando o artista plástico era professor no Centro Universitário Belas Artes, onde ministrou aulas por 36 anos. Na oficina, pôde, finalmente, transpor a imagem para a matriz. “Tem que adaptar o desenho ao material. O lápis litográfico é mais oleoso para a gordura penetrar na pedra. Alguns tons que estão no papel não serão idênticos, mas estou tentando deixar o mais fiel possível.” 
 
AJUDANTE
 Marcos José Rocha, o Marbé, frequenta as oficinas de litogravura de Gyarfi desde 2000. Hoje, o artista trabalha como um ajudante do mestre nos cursos. “Já desenhava desde criança. E o que me chamou a atenção para a gravura é que a criação é livre, não fico preso a materiais e tema.”

 Nesta edição, a produção de Marbé foi um ser primitivo. A imagem central foi feita de fibra de coqueiro e transposta na pedra. “O domínio da superfície é o mais difícil. Apesar de ser bruta, a pedra é um material delicado e dá até receio de mexer e fazer algo errado.”

 Com tantos artistas com grande potencial na região, Roberto Gyarfi sente falta de uma mostra somente com nomes locais. “Temos artistas muito bons, mas ainda não tivemos como realizar uma exposição só do Grande ABC. Cada um tem o seu nicho, mas falta essa junção de todos sem quebrar a ética de cada um”, completa.
 
EXPOSIÇÃO COMPLEMENTA OFICINA
 Paralelamente à oficina, ocorre também a exposição Roberto Gyarfi – Mestre Impressor, na Pinacoteca Municipal da cidade (Av. Dr. Augusto de Toledo, 255, Santa Paula). São mais de 120 obras de diversos artistas que Gyarfi já trabalhou ao longo da carreira, como Maria Bonomi, Lívio Abramo e Aldemir Martins.

 “Queríamos prestar uma homenagem ao Roberto, que tem um acervo maravilhoso. Tivemos até dificuldade em escolher as obras porque são muitos nomes expressivos. E a oficina, além de servir como um complemento à mostra, estimula a participação da população e a criatividade”, conta a curadora Neusa Schilaro Scaléa.
 A exposição fica em cartaz até o dia 15 de fevereiro. A visitação é gratuita e pode ser feita de segunda a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h.




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