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Fim do 'ABCena' deixa vazio na agenda teatral
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
30/06/2010 | 07:07
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Este fim de semana, que sucede as últimas encenações do ABCena - projeto de discussão sobre o teatro regional encerrado no dia 27 - é comprobatório do quão é delicada a questão teatral no Grande ABC. As programações das cidades, nesta área, para os próximos dias, oferecem quase nenhuma opção.

A Dobra e Depois de Tudo, últimas peças exibidas no calendário do projeto trazem na receita elementos de identificação e assimilação do público.

Da Cia do Nó, de Santo André, A Dobra apresenta a história de William, homem de 40 anos que enfrenta uma ‘dobra' no tempo e encontra consigo mesmo aos 20 anos. Em debate, entra a questão da mudança dos padrões de vida. Como é impossível transformar o passado, lutar contra o que já aconteceu, os personagens passam a encarar suas histórias com mais otimismo, buscando melhorar a vida que têm.

A quebra entre o ficcional e o real transforma o espetáculo em uma gostosa comédia, potente para arrancar risos do público do início ao fim.

Tin Urbinatti, que fechou a programação com o monólogo Depois de Tudo, discutiu com sensibilidade o papel e a importância do operário e o poeta na sociedade.

Com recorte de poemas e através de uma linguagem corporal bem marcada e executada de acordo com o texto, o ator, ao fim da apresentação, fez do teatro espaço para um emocionado debate sobre questões como a mecanização humana. Parece que todos os presentes esqueceram um pouco do cotidiano e reservaram a noite para se alimentar de poesia.

Peça que intriga e convence. P.O.R.A.O. - Parte Orgânica Referente ao Ontem foi exibida na sexta pela Companhia Porão, de São Caetano.

Na trama, pessoas comuns encaram problemas do passado, que haviam sido deixados de lado, conforme ilustra a fala: "Têm dias que a gente só tem vontade de colocar a mão na cabeça, sentar na calçada e não pensar em nada", dita duas vezes durante a peça.

Recebem espaço histórias de densidade. É o abandono sentido pelo filho. É a notícia de leucemia que soa como sentença do fim. É o trauma do atropelamento que incomoda tanto quanto há cinco anos. (colaborou Sara Saar)




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