Aproximadamente 80 ex-funcionários da Rhodia, indústria que atua nos ramos químico e têxtil, em Santo André, se reuniram para compartilhar suas vivências e aprendizados no livro Rhodia – Cultura de Inovação e Legados de uma Empresa Centenária, que será lançado hoje. O projeto iniciou há três anos com o objetivo de resgatar a história da empresa como indústria influente na economia, nos costumes e na saúde não apenas dos moradores do Grande ABC, mas também de todo País.

“Há muito tempo queríamos registrar todo aquele momento de intensa atividade, convívio social, no fulgor da nossa vida profissional e de intenso crescimento. Queríamos encontrar uma forma de registrar tudo isso para não deixar ficar só no passado, sem que a nova geração e a academia soubessem dos desafios e de todo legado que foi deixado”, explica Vilien Soares, um dos líderes do projeto, ex-presidente da Associação Ródano e que trabalhou por 35 anos na empresa, com passagem por vários setores. 

Outro ponto abordado é a mudança cultura da empresa, uma vez que trata-se de uma multinacional francesa e que, nos primeiros 50 anos de história no País, predominou o modus operandi da matriz, com executivos estrangeiros. O livro explica como, a partir da década de 1960, este modelo foi sendo ‘abrasileirado’ conforme engenheiros brasileiros foram surgindo a partir do ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica) e da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Para compor o livro, foram ouvidos quase 80 ‘rhodianos’, apelido dos funcionários da empresa, e ex-rhodianos, sendo cinco ex-presidentes. São 21 entrevistas individuais e em grupo, além de pelo menos 30 depoimentos enviados por escrito. Foram três anos de organização, liderados pela Associação Ródano, com análise de documentos pela Jabuticaba Conteúdo. “Mostramos o que nós vivemos, como as formas de liderança tiveram crescimento profissional muito grande mas, diferente de outras empresas, (a ascensão profissional) chegou até o chão de fábrica. Temos depoimentos de que a Rhodia foi como uma mãe”, afirma Soares.

O livro será lançado hoje em evento on-line a partir das 19h30.

FATOS MARCANTES 

A Rhodia iniciou as atividades em Santo André, que ainda pertencia a São Bernardo na época, em 1919, e, desde então, atuou nos setores químico, farmacêutico e têxtil. Lançou tecidos, como o tergal, e fibras sintéticas, como o náilon e o poliéster, a foi a primeira companhia a ter uma ouvidoria do cliente e lançou medicamentos que são usados há décadas, como clexane (antitrombótico e anticoagulante) e gardenal (barbitúrico com propriedades anticonvulsivantes e sedativas).

A empresa pertence ao Grupo Solvay desde 2011 e fabrica fios e fibras têxteis funcionais e sustentáveis de poliamidano. Na pandemia, desenvolveu um fio que inativa o coronavírus, que pode ser usado na confecção de roupas ou banco de veículos.