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‘A Paulipetro é embrião desta descoberta’, diz Maluf
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
16/11/2007 | 09:41
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A descoberta, pela Petrobras, de uma enorme reserva de petróleo na bacia de Santos – anunciada com pompa no início do mês pelo presidente Lula e pela ministra-chefe da casa Civil, Dilma Rousseff – inevitavelmente faz lembrar o polêmico projeto encampado no final da década de 1970 e começo da década de 1980 pelo então governador de São Paulo e atual deputado federal Paulo Maluf (PP), de criação da Paulipetro. Quando deixou o governo, em 1982, o projeto não seguiu adiante.

Em apenas dois anos, foram gastos, pelo menos, 200 milhões de dólares, mas a empreitada se tornou um fracasso comercial. Nesse período, nenhuma jazida de petróleo foi encontrada.

Mesmo sendo alvo de críticas e processo judicial, Maluf atribui à sua iniciativa o sucesso da atual descoberta brasileira. “Não tenho dúvida de que a Paulipetro é o embrião desse resultado obtido pela Petrobras. O projeto inicial dessa descoberta foi o Maluf que fez”, diz, em tom de discurso. “Agora o governo brasileiro mostrou que existe sim petróleo em São Paulo. O problema é que demorou mais de 20 anos e perdemos muito dinheiro com isso.”

Mas ele garante que não nutre a sensação de vingança. “Não tenho ciúme de homem e não diria que eu fui injustiçado. Injustiçado foi o Brasil, porque se tivessem tocado as escavações, que eu comecei em 1980, talvez em 1985 já estaríamos retirando o petróleo. Não dá para prosseguir projetos de adversários com medo de que eles se sobressaiam. Isso não existe”, afirma. “Não fundei a Paulipetro pelo Maluf e sim pelo Brasil.”

O deputado ainda provoca: “Tenho dó porque os políticos que me sucederam não tiveram a mesma coragem que eu tive. Se tivessem seguido o que iniciei, o Brasil estava exportando mais petróleo que a Arábia Saudita”, acredita.

Maluf deixou o governo em maio de 1982 para se candidatar a deputado federal. Em seu lugar assumiu o vice José Maria Marin. A eleição para o governo de São Paulo naquele ano foi vencida por André Franco Montoro. “Perfurei apenas dois anos e a Petrobras, 54. Depois cimentaram meus poços. Mais quatro anos e teria chegado às reservas da bacia de Santos.”

Orgulho - O pepista diz que sente orgulho por, segundo ele, ter feito a Petrobras acelerar as buscas por petróleo no País. “Quando comecei a perfurar, eles só exploravam postos de gasolina e tiveram de correr atrás. Naquela época, a Petrobras só produzia 10% das necessidades brasileiras.”

O parlamentar rebate as críticas de que tenha investido muito na empreitada. “Quando fiz a rodovia Imigrantes, todo mundo dizia que não tinha necessidade. Até disse para o Lula, durante a campanha de 1989, que ele, gostando ou não de mim, não entrava na casa dele sem passar pelas estradas que eu fiz. Sempre fui agredido. O que eu posso fazer se alguns políticos brasileiros têm uma mentalidade mais tacanha?”, desconversa.

O deputado avisa que há mais petróleo a ser explorado em solo brasileiro. “No litoral baiano e na Amazônia brasileira tem petróleo e gás. Se tem petróleo do lado da Amazônia peruana, porque do nosso lado não teria?” indaga. “Eles tiram 120 mil barris por dia. É só vir do lado de cá e perfurar.”



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