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Famílias invadem terreno em Diadema

Cerca de 100 barracos ocupam local que pertence a Ecovias; empresa diz que já acionou a Justiça

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
30/06/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


A pandemia de Covid-19, além de doentes e mortes, tem deixado rastro de destruição econômica e financeira importante. No Grande ABC não é diferente e muitas famílias sentem o peso da perda de renda. Em Diadema, no Jardim Ruyce, cerca de 100 famílias ocupam há dez dias terreno embaixo da Rodovia dos Imigrantes, em área de domínio da Ecovias, concessionária responsável pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes).

A ocupação ocorreu na manhã do dia 20 e, segundo o músico Misael Souza Marcelino, 29 anos, uma das lideranças, começou a ser planejada dia 12. Inicialmente, o grupo reunia 40 famílias de moradores do próprio bairro, que não estão mais conseguindo pagar o aluguel e as outras contas do cotidiano. Segundo Marcelino, nenhuma das pessoas é ligada a movimentos de moradia e o grupo está formalizando a criação de associação, que será batizada de “Jureba”.

No dia seguinte à ocupação inicial, que não contou com resistência nem da Prefeitura de Diadema nem da Polícia Militar, que esteve no local, mas não retirou os ocupantes, outras 60 famílias chegaram e se integraram ao grupo. “Colocamos outras pessoas para coordenar e cadastramos os nomes de quem chegou depois. Com base em informações como renda, número de filhos, se paga aluguel ou não, estamos definindo uma lista de prioridades”, explicou o músico.

O objetivo do grupo é ser atendido em algum projeto habitacional ofertado pelo governo, seja ele municipal, estadual ou federal. Marcelino argumenta que, embora a administração municipal alegue que exista cadastro habitacional na cidade, nenhuma das famílias que integram a ocupação preencheu ficha na Prefeitura.
“Nunca passaram lá (no bairro) para saber quem paga aluguel e quem tem condições de pagar. Aquele bairro é bastante caro para o aluguel, com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) caro. O que todas a famílias esperam é que a gente tenha pedaço de terra para chamar de nosso, seja ali (no local da invasão) ou em qualquer outro lugar”, completou. Para Marcelino, se for ofertada oportunidade “justa e dentro da realidade das pessoas”, quem tiver condições vai pagar pela moradia.

O coordenador relatou que o terreno foi dividido entre as famílias e cada uma recebeu um lote de cinco por nove metros para construir o seu barraco. Os que já estão prontos estão ocupados pelas famílias. Um ponto de luz foi puxado do poste para iluminar os terrenos. Marcelino afirma que todas as famílias têm sido orientadas para manter o local limpo e organizado e que o grupo tem recebido diversas doações, tanto de cestas básicas quanto de marmitas. “Nossa expectativa é que a Prefeitura atenda coerentemente a nossa demanda habitacional”, concluiu.

A Prefeitura de Diadema informou que está encaminhando ao MP (Ministério Público) local todas as informações sobre ações adotadas para a desocupação. “A área em questão pertence à Ecovias. A Prefeitura acompanhou a ação no sábado (20 de junho) e desocupou a área que pertence ao município, porém, o Estado foi inerte no momento”, relatou em nota.

A Ecovias, por sua vez, informou que por se tratar de invasão em área do governo do Estado, pela qual a Ecovias é responsável, o policiamento rodoviário foi acionado e, juntamente à equipe da empresa, foi até o local negociar com os moradores, que desmontaram algumas estruturas que estavam sendo erguidas. “Sobre as estruturas que ainda permanecem no local, a concessionária ingressou com pedido de reintegração de posse na Justiça”, completou o comunicado.




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