Setecidades Titulo Medo e revolta
Jovem denuncia assédio em praça de Santo André

Estagiária foi abordada por ciclista com o genital à mostra; polícia foi chamada, mas não compareceu

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
15/02/2020 | 00:01
Compartilhar notícia


A estagiária Luana Dantas Leonello, 20 anos, foi vítima de assédio no dia 2 de fevereiro, quando estava na Praça Associação Amigos da Polícia Militar, recém-inaugurada no bairro Jardim, em Santo André. 

Era um domingo à tarde e a jovem estava sentada em um dos balanços, assistindo a um jogo de futebol na quadra. Luana relatou que foi abordada por um homem negro, que aparentava ter 35 anos e 1,75 metro, alto e forte, com uma bicicleta profissional, trajando camiseta e bermuda brancas típicas de ciclista e capacete laranja neon. O homem perguntou as horas, ao que respondeu “14h41”. Dois minutos depois, o rapaz perguntou se “14h era o mesmo que duas”, e quando levantou a cabeça para responder, Luana viu que ele estava com a bermuda abaixada e segurava na mão o órgão genital ereto.

A jovem contou que se assustou com a situação e questionou o que ele estava fazendo. “Me disse que estava fazendo xixi, mas não estava. Minha reação foi me levantar e andar no sentido oposto a ele. No momento percebi que eu era a única mulher na praça e apenas nós dois estávamos do lado de fora da quadra”, relembrou. O agressor se posicionou atrás de uma árvore na Rua das Oliveiras e poucos minutos depois seguiu em direção à Avenida Prestes Maia. 

Enquanto isso, Luana acionou a PM (Polícia Militar) por meio do telefone 190, explicou a situação e pediu que uma viatura fosse enviada ao local. A praça está localizada em frente ao Tiro de Guerra e ao lado do CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6). “Aguardei por uma hora e nada. Liguei novamente e informaram que fizeram rondas e não localizaram o assediador. Solicitei mais uma vez que enviassem uma viatura para a praça, e me orientaram a acenar quando visse. Após meia hora, quando avistei uma viatura, acenei, corri atrás do carro, mas não pararam”, concluiu.

No dia 6 de fevereiro, Luana procurou a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e registrou boletim de ocorrência de ato obsceno, crime contra a dignidade sexual. A vítima não teve condições de fornecer detalhes do agressor para produção de um retrato falado. “Quero deixar minha indignação e descontentamento com esse descaso, com a falta de atendimento da PM, pois não houve o mínimo de consideração e tudo o que queria no momento era me sentir segura pelo menos para voltar para casa”, pontuou. A jovem destacou que é necessário encontrar o homem que a assediou para puni-lo. “O que um cara como esse pode fazer solto nas ruas? Se foi fácil assediar em plena luz do dia, em praça pública, imaginem como seria em condições propícias”, completou. 

Luana afirmou que quer alertar todos os munícipes de do Grande ABC. “Nós, mulheres, somos mais fortes juntas e devemos nos ajudar. Diariamente somos assediadas, abusadas, estupradas, agredidas. Não somos sacos de pancada, merecemos atenção e proteção das autoridades. Ser mulher é uma luta constante, é crescer lutando para ter voz e mostrando que somos muito mais do que corpos à disposição da masculinidade.”

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado de São Paulo informou, por meio de nota, que caso é investigado pela DDM de Santo André. Que equipes policiais realizam diligências para identificação do autor e que policiais estiveram no local no domingo, mas a vítima não foi encontrada. “A instituição apura se houve falha no atendimento.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;