Política Titulo Mauá
Atila quer contratar 415 sem promover concurso

Em ano eleitoral, prefeito de Mauá pede aval da Câmara para admitir pessoal para saúde

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
13/02/2020 | 00:01
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O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), enviou à Câmara projeto pedindo autorização para contratar, de forma direta e sem concurso público, 415 funcionários para a área da Saúde. A iniciativa abre brecha para questionamentos, visto que é ano eleitoral e a admissão temporária de servidores públicos é permitida apenas para casos excepcionais e desde que as situações sejam previstas expressamente na lei.

Na proposta, protocolada no Legislativo mauaense na sexta-feira, o governo Atila argumenta genericamente que “a excepcionalidade da medida se justifica em razão da necessidade de aprimoramento, de eficiência e eficácia na prestação de serviço de saúde, ora prejudicada em razão do aumento da demanda, bem como da inquestionável insuficiência de profissionais”. A administração discorre ainda que a realização de concurso público demanda tempo e que, “por ser a saúde um serviço essencial, eventual paralisação ensejaria graves danos à população”.

De acordo com o projeto desenhado pelo governo Atila, a ideia é a de contratar tanto profissionais da saúde (200 médicos; 50 técnicos de enfermagem; 35 enfermeiros; dez cirurgiões dentistas; cinco fisioterapeutas), quanto das áreas operacional (15 motoristas de ambulância) e administrativa (100 trabalhadores). O texto prevê que a contratação seja temporária (por um ano) e proíbe expressamente que os contratos sejam prorrogados.

O projeto cita que os funcionários servirão à Secretaria de Saúde, mas não diz especificamente em quais equipamentos eles atuarão nem explica detalhadamente quais são as excepcionalidades para cada contratação.

Embora a gestão da saúde na cidade – atualmente terceirizada e sob o comando da FUABC (Fundação do ABC) – tenha passado por turbulências no atual mandato, não há registros recentes de ameaças de paralisações por parte de profissionais nem de a FUABC interromper unilateralmente a prestação dos serviços. Pelo contrário. Após idas e vindas e da intervenção do Ministério Público e da própria Justiça, a entidade e o município encaminham negociação para que haja transição amigável da gestão da saúde na cidade sem que a prestação dos serviços seja afetada – o governo prevê contratação de nova OSS (Organização Social de Saúde) nos próximos meses.

Em ano eleitoral, a contratação de pessoal é permitida apenas até três meses antes do pleito, segundo a Lei Eleitoral (número 9.504/1997). Porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) já considerou inconstitucionais leis locais que permitiram contratação temporária e indiscriminada de servidores sem a realização de concurso público.

Segundo dados da própria Prefeitura, as novas contratações causarão impacto de R$ 34,2 milhões na folha de pagamento neste ano.

OUTRO LADO
Por meio de nota, o governo Atila alegou que realizará a contratação temporária porque a população foi prejudicada “severamente” pelas demissões de médicos e à “descontinuidade do programa Mais Médicos”, do governo federal. “Trata-se de um procedimento paliativo, para atender a toda a rede municipal de saúde, enquanto avançam as tratativas, junto ao Ministério Publico e FUABC, para a publicação de novo edital para contratação de organizações sociais, para gestão da saúde.”, diz o comunicado. 




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