Setecidades Titulo SOS Bairros
Asfalto colocado em Diadema há dois anos já apresenta falhas

Obras custaram R$ 105 milhões; especialista critica uso de tecnologias ultrapassadas

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/10/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa


 Apenas dois anos após a Prefeitura de Diadema anunciar programa de recuperação asfáltica considerado o maior da cidade em 30 anos e investir cerca de R$ 105 milhões em obras de pavimentação e saneamento ambiental, ruas e avenidas já estão deterioradas, com buracos e rachaduras. 

O programa Diadema de Cara Nova foi anunciado pelo prefeito Lauro Michels (PV) em 2016 com a previsão de asfaltar 184 quilômetros de vias, revitalizar 26 núcleos habitacionais, recuperar três centros comerciais (Serraria, Piraporinha e Centro) e reformar praças e pontos de ônibus e de táxis. 

O recurso investido integra acordo feito entre a administração e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pela liquidação da antiga Saned (Companhia de Saneamento de Diadema). A autarquia estadual assumiu o serviço de água e esgoto e indenizou o município pelos investimentos que já haviam sido feitos, como tubulações e equipamentos.

A equipe do Diário percorreu trecho de uma das principais vias do município, a Avenida Alda, entre o bairro Parque Sete de Setembro e o Centro, e constatou diversos problemas como remendos, buracos, rachaduras e depressões, especialmente perto de pontos de ônibus, locais onde o fluxo é maior e com veículos naturalmente mais pesados. A situação se repete nos bairros, como na Rua Macahuba, no Campanário, onde foram constatados diversos remendos e rachaduras. Segundo fontes ouvidas pelo Diário, o problema se espalha por toda a cidade.

Entre os moradores, as opiniões se dividem sobre o desgaste natural do material e falhas na execução. O comerciante Messias Gomes de Oliveira, 50 anos, acha normal que após dois anos já seja preciso realizar reparos no pavimento. “Para uma cidade que está sempre em trânsito, me parece dentro da normalidade”, opinou. Já a bancária Jennifer Martins Silva, 25, entende que pelo valor arrecadado pela cidade em impostos era esperado que esse tipo de obra durasse mais tempo. 

Gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Enio Moro corrobora a percepção da moradora e afirma que uma obra de recapeamento, quando bem executada, tem potencial para durar até 15 anos. 

Segundo o especialista, a maioria dos projetos de asfalto nos municípios não conta com a especificação técnica adequada e usa materiais e tecnologias já ultrapassados. “São ruas planejadas para o que as cidades eram há 30, 40 anos”, afirmou. 

O professor detalhou ainda que existem tipos de pavimentos específicos para avenidas que recebem maior fluxo de veículos e para as vias de bairros, que contam com movimento menor, mas que usualmente as obras executam o mesmo tipo de asfalto para a cidade inteira. “Uma discussão modernizadora sobre esses processos ainda está longe das agendas públicas”, finalizou. 

A Prefeitura de Diadema não se manifestou até o fechamento desta edição.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;