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Mauá lidera taxa de perda de água

Praticamente metade do recurso já tratado é desperdiçada, seja por falhas na rede ou por irregularidades

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
13/02/2018 | 07:00
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EBC


Manutenção precária na rede de distribuição somada às ligações clandestinas resultam no desperdício de milhares de litros de água todos os dias. Duas das sete cidades ainda mantêm índices de perda do recurso hídrico acima dos 33%, considerados aceitáveis para a região Sudeste pelo Plano Nacional de Saneamento Básico: Santo André e Mauá, com taxas de 44,14% e 49,05%, respectivamente.

Em contrapartida, cidades com padrão de excelência em perdas têm indicadores menores do que 15%, sendo que apenas São Caetano (14,15%) e Rio Grande da Serra (14,4%) se enquadram neste patamar na região.

Embora a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) tenha negado se posicionar sobre o assunto, diagnóstico preliminar do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) referente a 2016 aponta que o índice de perdas na distribuição de água pela cidade é de 49,05%, ou seja, quase metade do recurso.

Em Santo André, o percentual, que era de 36,35% em 2015, subiu para 44,14% em 2017. O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) destaca que o aumento é “devido à precária manutenção da rede de distribuição até 2016”. Para reduzir a taxa, a autarquia diz que ações foram implementadas no ano passado, como instalação de três válvulas redutoras de pressão. Para este ano, a meta é chegar ao índice de 33% a partir da instalação de uma quarta válvula, no Parque Miami.

“As perdas por vazamento (na rede de distribuição) são o lado mais cruel, porque já houve investimento (para solucionar o problema) aportado no tratamento da água”, observa o professor de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Metodista de São Paulo Carlos Henrique de Oliveira.

O professor de Engenharia Hídrica do Mackenzie Antônio Eduardo Giansante pontua a necessidade de maior controle de pressão na rede de distribuição de água. “A dificuldade é a provável cultura de gestão de perdas, ainda insuficiente”, considera.
Nas cidades operadas pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), os indicadores de perda estão abaixo do preconizado. Em São Bernardo, a taxa é de 29,8%; em Diadema, de 22,5%; em Ribeirão Pires, de 21,3%, e em Rio Grande da Serra, de 14,4%. A empresa projeta para 2018 diminuir os percentuais.

Com índice de perda em 14,15%, o Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), de São Caetano, quer chegar aos 9%. Para isso, pretende atuar, entre outras questões, no mapeamento do município para controle operacional e também obter maior agilidade de manutenção.

Se por um lado é possível verificar cenário de desperdício de água, a falta do recurso nas torneiras é problema recorrente para moradores, principalmente de Santo André e de Mauá. Boa parte das vezes, as autarquias locais atribuem o problema ao volume insuficiente de água para a distribuição, por parte da Sabesp, o que a companhia estadual nega.

FRAUDES

Uma das formas de se combater a perda de água é o investimento no combate às fraudes. Em 2017, o número de ligações de água irregulares identificadas na região teve alta de 22,87%, na comparação com 2016. Neste caso, são avaliadas seis cidades – em São Caetano, o Saesa declarou não ser possível mensurar, devido aos poucos casos constatados.

Em Santo André, o volume economizado com as identificações no ano passado foi de 180 mil m³, suficiente para abastecer mais de 9.000 famílias. Já em Mauá, a quantia recuperada (25,8 mil m³) é correspondente ao consumo de 172 famílias por um ano.

“O principal prejuízo é a não garantia da sustentabilidade econômica do serviço. Sem recursos suficientes, ficariam prejudicados os investimentos necessários para reduzir perdas”, ressalta Giansante. 




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