Economia Titulo Crise
Sindicalistas querem iniciar
ações em favor da indústria

Debate reforça mobilização a fim de contornar a queda da
produção; setor de autopeças é um dos mais prejudicados

Por Vinicius Gorczeski
Do Diário do Grande ABC
17/02/2012 | 07:01
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Os trabalhadores do movimento sindical foram convocados a pressionar o governo para que impeça a progressiva perda da capacidade da indústria frente à concorrência de peças importadas - o setor de autopeças é um dos mais prejudicados pelo câmbio e pela enxurrada de materiais produzidos a custo mais atrativo pela China, por exemplo. O alerta foi dado ontem durante comemoração de 20 anos da FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT de São Paulo), em debate realizado na sede da entidade, em São Bernardo.

O ex-presidente da FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT de São Paulo) e deputado estadual Carlos Grana disse, em resposta a sindicalistas de Taubaté que comentavam a perda da força da indústria com a globalização, ser fundamental a retomada de ações como a ocorrida em São Carlos nesta semana, onde 6.000 trabalhadores protestaram pelo proteção do emprego no setor de linha branca. "O governo só se mobiliza com pressão. Tem de repercutir atos como esse (de São Carlos) em calendários de manifestações nacionais."

Grana citou que se reuniu com dirigentes de empresas da região e que ficou surpreso com a queda da participação de matérias-primas na produção. "Hoje 90% do que comercializam é fruto de importação."

Na região, de 1,309 milhão de trabalhadores ocupados, 28,7% são da indústria, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), e 16,2% pertencem ao setor metalmecânico, que vem sofrendo reveses da competição externa. Grana chegou a defender que o Brasil precisa "atropelar o Mercosul" para defender a indústria de autopeças - maior prejudicada pela competitividade entre países latinos.

O diretor do Instituto Lula Luiz Dulci, ex-secretário-geral da Presidência na gestão Lula, se esquivou do problema cambial e jogou parte da culpa pela queda da indústria brasileira às políticas econômicas adotadas pelos países em crise - sobretudo a Grécia. "Ou a economia mundial volta a crescer ou nossa produção vai sofrer insuficiência de mercado, tendo que reduzir o valor dos produtos porque não há demanda externa. Hoje vigora política restritiva nesses países", sustentou. E lembra que a Grécia teve que enxugar 6% do valor do salário-mínimo como manobra para tentar reverter para o azul as contas. "Eles cortaram o que os trabalhadores conquistaram, o que jamais se veria ocorrer no Brasil", disse Dulci, destacando que a mobilização sindical que decorre desde os períodos de paralisações, com berço são-bernardense, no fim da década de 1970, que permite sustentar o argumento. E frisou que os sindicalistas devem ser mais ativos nas políticas industriais, como já ocorre por meio das centrais, para impulsionar o setor.

CONQUISTAS - O presidente da FEM-SP, Valvir Marques, o Biro Biro, destacou que, em duas décadas de federação, conquistou-se mais organização da classe. "Conquistamos mais direitos sociais para as mulheres e pessoas com deficiência e obtivemos os maiores aumentos salariais do País." A FEM reúne 14 sindicatos filiados no Estado, representando 260 mil metalúrgicos. Uma das bandeiras é o fortalecimento da organização trabalhista nas fábricas. O deputado estadual Rui Falcão enumerou ainda velhas pautas, como a redução da jornada sem diminuição dos salários. "Mas isso só pode continuar se os trabalhadores se mantiverem mobilizados."

 

 




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