Contexto Paulista Titulo
A ciência vai fazendo a sua parte
Wilson Marini
Da APJ
15/02/2016 | 07:00
Compartilhar notícia


O mosquito Aedes aegypti transformou-se, em poucas semanas, em preocupação global. Poderá mexer com a programação dos Jogos Olímpicos no Rio, entre tantos efeitos que envolvem as relações entre países. Os governos fazem campanhas, enquanto a população tenta se defender com repelentes. E a ciência também se apressa em fazer a sua parte. Na semana passada, foi divulgado que teste desenvolvido por força-tarefa de virologistas do Estado de São Paulo é capaz de detectar e identificar, em poucas horas, a presença de material genético dos vírus da dengue, da zika e da chikungunya em amostras de saliva, sangue ou urina de pessoas com sintomas. A equipe de cientistas paulistas envolvidos na criação do teste está distribuída entre a Unesp, a Unicamp, a USP, o Instituto Butantan e a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

Eficiência
É teste preciso e rápido, garante a pesquisadora Clarice Arns, do Instituto de Biologia da Unicamp. Já é possível obter o resultado no mesmo dia, em cinco horas ou um pouco mais. Ela adverte que, ao contrário dos testes sorológicos – que detectam sinais da resposta imune do paciente ao vírus e, portanto, podem ser aplicados a pessoas que já se recuperaram – o teste genético, para ser eficaz, requer que o paciente ainda esteja com a doença. “Tem de estar com sintomas, já que o que o teste detecta é a presença do vírus no organismo”. Esse tipo de teste é importante, por exemplo, numa mulher grávida que esteja com sinais da doença e deseja informação rápida.

Verbas
A pesquisadora da Unicamp explicou que o novo teste foi adaptado a partir procedimentos já utilizados para identificar outros tipos de vírus. Não é algo simples de se fazer, diz ela. É preciso ter o vírus, ter os controles, realizar vários experimentos. As instituições paulistas que participam das pesquisas têm condições de iniciar em breve a realização dos testes, mas a expansão do procedimento para a rede pública em geral depende de mais verba pública. “Não é um teste barato, e requer pessoal capacitado. A verba que temos, pelo menos até agora, é só de pesquisa”.

Amostras
A pesquisadora também chamou a atenção para a necessidade de se distinguir entre o tempo do teste – de poucas horas – e o tempo de diagnóstico, que pode ser maior. “Como se trata de um teste caro, talvez seja preciso juntar várias amostras antes de executá-lo”, exemplificou. “Às vezes pode ocorrer alguma dúvida e o teste pode ter de ser refeito. E o diagnóstico, no fim, vem do médico.”

Microcefalia
O vírus da zika causa doença de sintomas geralmente leves, mas virou alvo de preocupação internacional por conta de sua provável associação com uma má-formação congênita, a microcefalia. Cerca de 70% dos casos de zika são subclínicos. “A doença só recebeu tanta atenção por causa desse problema com as crianças”, afirma a pesquisadora Clarice. A possibilidade de ligação entre o zika e a microcefalia foi detectada inicialmente no Brasil. Artigo publicado na semana passada no periódico norte-americano New England Journal of Medicine apontou a presença do vírus no cérebro de feto microcefálico abortado. “Isso mostra que o vírus é capaz de cruzar a barreira encefálica.”

No país
O governo brasileiro confirmou o terceiro caso de morte relacionada ao zika no País. O Ministério da Saúde, por sua vez, anunciou que dentro de um ano será possível testar a primeira vacina contra o vírus. A vacinação em massa para os grupos de risco, no entanto, pode demorar cerca de três anos, no mínimo. Os testes serão possíveis graças a parceria firmada entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos.

Crédito educativo
Dirigentes de universidades privadas do Interior mobilizam-se para obter mais informações sobre o Crédito Educativo, projeto de lei que permite a utilização dos créditos da Nota Fiscal Paulista na Educação. De autoria do deputado Campos Machado (PTB), o projeto de lei foi aprovado pela Assembleia Legislativa e aguarda sanção e regulamentação do governo do Estado. Pelo programa, cada estudante terá em seu CPF espécie de conta poupança no Fundo para Educação do Estado, administrada pela Secretaria da Fazenda. Dessa forma, mesmo antes de entrar na universidade e, ainda cursando o Ensino Médio, os estudantes, seus familiares e amigos, já poderão começar a reunir os fundos necessários, com as notas fiscais, para custear o curso desejado.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;