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Socialistas do ABC discordam de aliança
Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
02/05/2010 | 07:20
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Apesar de apoiada por 20 dos 27 diretórios estaduais do PSB, a decisão da executiva nacional do partido de impedir o deputado federal Ciro Gomes (PSB) de concorrer à Presidência em outubro para formar aliança com o PT não encontra respaldo entre os socialistas do Grande ABC, que preferiam manter o ex-ministro na disputa.

"Particularmente, eu defendia a candidatura do Ciro, assim como defendo o Paulo Skaf (presidente da Fiesp, Federação das Indústrias de São Paulo) como candidato ao governo de São Paulo. Acredito que é a melhor forma de fazer nossa legenda crescer", afirmou o presidente do diretório de Diadema, Manoel José da Silva, o Adelson (PSB), admitindo, contudo, que a "esmagadora maioria dos militantes do País preferiu a aliança."

Mesmo sendo contra o pacto nacional, Adelson fechou acordo com o PT em Diadema após 20 anos de brigas. Em troca de apoio no Legislativo, o partido assumiu a Secretaria de Segurança Alimentar. "Sou um homem de partido. Vou apoiar a decisão dos militantes e fazer campanha para a Dilma (Roussef, pré-candidata do PT)", declarou.

Para o presidente estadual do PSB, o deputado federal Márcio França, o posicionamento é "compreensível", mas os diretórios precisam pensar nacionalmente. "Na disputa plebiscitária que se apresenta, entre PT e PSDB, nosso candidato sairia enfraquecido. Temos quecolocar o grupo e o projeto do PSB em primeiro lugar", ponderou o socialista.

Segundo França, o objetivo em 2010 é eleger uma bancada de 40 deputados federais, 7 senadores e 5 governadores. "Só conseguimos isso com acordos nos Estados", pontuou. Entre esses acordos está a recente composição entre os partidos no Espírito Santo para garantir a eleição do senador Renato Casagrande (PSB). "Antes, ele era a terceira força no Estado. Agora, com apoio de PT e PMDB, é o favorito", destaca.

Outro que não concorda com o acordo é o vereador de São Bernardo Ary de Oliveira. "Quando o PSB rejeitou a candidatura do Ciro, deixou de ser cabeça de formiga para ser rabo de elefante. Não sei se foi uma boa escolha", comentou.

Para o parlamentar, os militantes farão corpo mole na eleição, diferente do que ocorreria se o deputado concorresse. "Uma coisa é apoiar com satisfação, outra é ser forçado a apoiar", disse Ary.

‘Meu candidato é o Serra', diz Betão
Além de não possuir o apoio irrestrito dos socialista na região, o PT terá que enfrentar outro problema na aliança formada com o PSB: o apoio de integrantes do partido à chapa tucana.

"O meu candidato agora é o Serra (ex-governador pelo PSDB)", afirmou o vereador Alberto Justino, o Betão (PSB), de Mauá, argumentando que a pré-candidata petista, a ex-ministra Dilma Roussef, "não tem o mesmo preparo".

O socialista, que já era contra a aliança de seu partido com o prefeito Oswaldo Dias (PT), se disse "decepcionado" com a exclusão do deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) da disputa e declarou que isso enfraquece a legenda. "Impedindo o Ciro de concorrer, o PSB disse aos eleitores e militantes que não está preparado para chegar à Presidência", criticou.

Na opinião do presidente estadual do PSB, o deputado federal Márcio França, a aliança não pode ser vista nesse sentido. "O próprio Ciro tem culpa. Ele ficou isolado, sem coligação e não conseguiu articular apoios. Não tem como concorrer assim", ponderou.

Para França, lançar um candidato próprio "é tentador", mas poderia prejudicar o resto do grupo. "Eu quero ser candidato ao governo de São Paulo, mas não tenho as condições necessárias para isso. Então, ao invés de prejudicar o grupo que concorre a deputado com uma coligação fraca, é melhor formar uma aliança", ressaltou.

Apesar de preferir a candidatura de Ciro, o presidente do PSB de Diadema, Manoel José da Silva, o Adelson, tem um entendimento parecido. "O importante é não perder o mandato de esquerda que nós conquistamos depois de tantos anos. E nesse momento está claro que o pretendente ideal para manter nossa política é a Dilma", opinou Adelson.




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