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Um ano depois, passarelas do Grande ABC registram piora

Diário mostrou situação em outubro do ano passado; passagens seguem sem manutenção

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
29/10/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Um ano se passou desde que o Diário publicou reportagem sobre a má conservação das passarelas do Grande ABC. De lá para cá e sem receber manutenção, as passagens pioraram. Quatro delas, destacadas naquela ocasião, foram revisitadas pela equipe de reportagem e foi como se o tempo não tivesse passado.

Em Ribeirão Pires, a expressão “caindo aos pedaços” se encaixa perfeitamente na situação em que se encontra a passarela localizada na Avenida Humberto de Campos, que interliga a via à Vila Gomes. Em diversos trechos do muro o concreto já caiu e o que ainda resta está degradado, expondo a estrutura enferrujada. Na extensão, o mato alto vai tomando conta do espaço e a ausência de uma parte da parede dá acesso a terreno baldio, uma boa oportunidade de esconderijo para criminosos e usuários de drogas. Iluminação não existe. O que há é apenas uma estrutura para a finalidade, porém, quebrada. Desrespeito aos pedestres também é visto: o Diário flagrou um motociclista trafegando pelo local.

Vizinho da passagem há 44 anos, o mecânico José Jeunisio da Rocha, 77, já foi vítima do abandono da área. “Quase ninguém utiliza essa passarela por medo de ladrão e dos usuários de drogas que ficam nela. Um mês atrás, fizeram um rombo na minha parede e levaram R$ 5.000 em ferramentas”, contou.

Também se desintegrando está a passarela sobre a linha férrea, que interliga as avenidas Rio Branco (altura do 1.235) à Capitão João (altura do 1.121), em Mauá. As estruturas enferrujadas ficam aparentes nas paredes quebradas. Infiltrações e sujeira completam o cenário. “Tinha que arrumar tudo isso aqui, mas sempre foi assim”, disse o operador de empilhadeira Josimar Alves de Sousa, 39.

Em Santo André, na passarela José Furtado, instalada na Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, o Diário havia constatado, no ano passado, que o espaço era ocupado por moradores de rua. Na terça-feira, quando a equipe de reportagem esteve no local, uma calça jeans pendurada na grade e restos de comida no chão já indicavam que a situação permanece. Mais adiante, homem dormia em meio à passagem. Em volta, grande quantidade de lixo e até fezes humanas.

Por aproximadamente 20 minutos em que a equipe esteve no local, ninguém utilizou a passarela. “Como essa passagem tem algumas curvas, tenho medo que alguém esteja escondido, então, prefiro atravessar pela rua mesmo”, disse uma pedestre, que passava apressada pela via.

O teto da passagem, que é coberta, apresenta infiltrações, assim como ocorre na passarela Luis Melito, na Avenida Santos Dumont, que também está toda pichada.

Em São Bernardo, a passagem localizada em frente ao Paço Municipal continua com os vãos laterais, que constavam das reclamações dos pedestres um ano atrás por não oferecer proteção a quem passa por lá, principalmente às crianças. O piso, além de sujo, tem buracos, trazendo dificuldade às pessoas com mobilidade reduzida. Há ainda diversas rachaduras, sendo possível ver a avenida logo abaixo.

O taxista Jeferson Sousa Beserra, 33, lamentou a situação. “É muito abandono. No caso desses vãos, por exemplo, deveriam colocar grades, pois se uma criança se desvencilhar da mãe, pode cair. As passarelas são feitas para evitar acidentes, mas a gente acaba correndo outros riscos do jeito em que está”, salientou ele, pontuando ainda a falta de policiamento. Em julho, um estupro aconteceu em cima da passarela, por volta das 22h.

 

Administrações argumentam realizar manutenção periódica

 

Prefeituras de Mauá e Santo André afirmaram que as passarelas recebem manutenção periódica. O Executivo mauaense informou que nas quatro passagens sob sua responsabilidade os reparos são realizados anualmente. “O principal problema é o vandalismo, que obrigou consertos no fim de 2013 e início de 2014, quando foram investidos em torno de R$ 200 mil nas quatro passarelas”, declarou, em nota.

A Prefeitura de Santo André, no caso da passagem José Furtado, disse que ela teve a iluminação modernizada e que os vãos na parte baixa foram fechados com alvenaria para evitar que pessoas passem a noite na área. A municipalidade destacou ainda que nos dois últimos dias equipe do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua esteve no local e encontrou apenas colchões, que foram retirados. Sobre a conservação, comentou que “as passarelas e viadutos da cidade recebem pintura de três em três anos ou conforme a necessidade”, e esta em questão está no cronograma para receber o serviço em breve.

São Bernardo e Ribeirão Pires não retornaram as informações solicitadas.

“Quando o espaço público é agradável de circular, o próprio fluxo de pessoas inibe o vandalismo e até a criminalidade”, salientou o professor da área de Mobilidade Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Humberto de Paiva Júnior.




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