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PM vai à Justiça para
impedir os pancadões
Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
19/09/2011 | 07:27
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A Polícia Militar realizou entre o fim da manhã e 0h de ontem operação voltada exclusivamente para coibir a realização de bailes funk, mais conhecidos como pancadões, em sete pontos de Diadema. A ação foi deflagrada a partir de liminar expedida no início da manhã pela juíza Ana Lúcia Siqueira Figueiredo, plantonista da 2ª Circunscrição Judiciária de São Bernardo e Diadema, a pedido do Ministério Público. A ação do MP teve por base representação do coronel Roberval Ferreira França, comandante do Policiamento de Área Metropolitano 6, responsável pela região.

O documento elaborado pelo comandante traz trecho de reportagem publicada pelo Diário na edição do dia 15, a qual cita o número de ocorrências de pancadões registradas na região entre janeiro e agosto. Foram sete em Santo André, 31 em São Bernardo e 87 em Diadema. Contudo, nas estatísticas da Polícia Militar o delito penal é computado como perturbação do sossego público, embora as festas funk já estejam sendo registradas como pancadões, devido ao aumento de casos no Grande ABC.

 

EVITAR CONFRONTO

A equipe do Diário acompanhou ontem a ação preventiva que teve como objetivo ocupar os locais onde rotineiramente ocorrem os bailes funk em Diadema, antes que houvesse aglomeração dos frequentadores. "Essa decisão de antecipar as ações é justamente para evitar que ocorra um confronto (com as pessoas que vão às festas)", afirmou França.

Policiais de todos os batalhões da região participaram da operação, que ocupou os seguintes pontos: Alameda da Saudade e Praça dos Emancipadores, no Centro; ruas Bituva e Biquara, no bairro Eldorado; avenidas Tietê e Paraupebas, no Jardim Taboão; Avenida Fundibem e Rua Raul Seixas, na Vila Nogueira e Rua Santa Cruz, no Jardim Canhema.

Além desses locais, estão mapeados outros 50 endereços onde os bailes ocorrem em Diadema, sendo que em 38 a média de frequentadores fica entre 500 e 800 pessoas, segundo levantamento da Polícia Militar. "Para as festas serem realizadas, daqui para frente será preciso ter alvará da Prefeitura e a autorização da polícia", explicou o comandante.

O departamento de inteligência da Polícia Militar tem monitorado as redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, meios pelos quais os encontros são marcados. De acordo com o coronel Roberval França, a ação de prevenção ocorrerá sempre que for identificado um local onde o pancadão será realizado.

 

POLÊMICA

A Prefeitura de Diadema pretende regulamentar a realização de bailes funk, e por isso enviou à Câmara, no mês passado, projeto de lei que estabelece regras para as festas. A proposta gerou críticas severas dos vereadores, pois não participaram da formulação da proposta. Entre os itens mais polêmicos da regulamentação estava o aval necessário de 80% dos moradores para organização da balada funk de rua.

Contudo, diante da pressão e da baixa popularidade, a Prefeitura recuou e retirou da mão da população a responsabilidade por autorizar o pancadão.

No dia 12, o secretário de Defesa Social, Arquimedes Andrade, teve reunião com os vereadores para discutir a proposta e apresentou texto substitutivo, mas o novo projeto ainda não foi protocolado na Câmara.

 

 

Moradores se mostram aliviados com a decisão

 

Graças a Deus.” Foi essa a reação dos moradores das regiões onde ocorrem os pancadões em Diadema, ontem, quando receberam a notícia de que uma liminar havia sido expedida, proibindo a realização das festas.

“Sou a favor da proibição, porque perturba a ordem pública, o sossego da vizinhança. O barulho é muito alto, os moradores das casas ficam vulneráveis e são obrigados a tolerar casais praticando sexo nas portas de suas casas, porque não adianta reclamar”, afirmou Sérgio Murilo, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de Diadema.

Murilo acredita que é necessário oferecer alternativas de lazer para os adolescentes. “É preciso criar meios de diversão, porque muitos desses jovens não possuem nem condições financeiras para frequentar baladas em outros lugares”, acrescentou.

Para Maurício Gonçalves da Silva, morador do Jardim Elisa há 37 anos, os momentos de lazer com a família voltarão a ser tranquilos. “Às vezes vinha com meu neto e minha mulher na praça e éramos obrigados a ir embora por causa do pancadão”, contou. “Além disso, trabalho em Taboão da Serra e preciso acordar muito cedo, mas não dormia direito por conta do barulho.”

Lucilene Laurindo, mãe de quatro filhos, sendo uma recém-nascida, mora próximo de local onde ocorrem festas funk e reclama do som alto. “Também escuto barulho durante a semana. São funks com letras indecentes e com a música alta. Minha bebê acorda assustada”, disse ela, também do Jardim Elisa.




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