Não saíram de graça as provocações feitas pelo ídolo holandês Johann Cruyff à Seleção Brasileira. O ex-meia rasgou o verbo ao se mostrar decepcionado com o futebol apresentado pelo time de Dunga e garantiu que não pagaria ingresso para assistir o Brasil jogar na Copa do Mundo. Ontem, durante a coletiva de imprensa, Dunga foi direto na resposta.

"Realmente, há muitos jogos para ele escolher. Na democracia você escolhe a partida que quiser, compra o ingresso e vai. Mas ele seguramente ganha os bilhetes de graça da Fifa e por isso não paga para assistir as partidas", retribuiu.

Questionado se pagaria para ver a Holanda jogar, Dunga despistou. "Sou pão duro, vejo pela televisão", brincou, antes de fechar a cara e falar em tom mais sério. "A Copa é um espetáculo único e de quatro em quatro anos uma boa parte do mundo fica ligada nela. Eu pagaria, sem dúvida nenhuma", assegurou.

As criticas de Cruyff ainda tocaram em ponto delicado na relação de Dunga com a imprensa brasileira. O holandês criticou a falta de talento na convocação e disse que os brasileiros perderam a identidade, jogando como qualquer outra equipe do Mundial. Sobre isso, Dunga preferiu o silêncio.

Tentando escapar da saia justa, o técnico holandês Bert Van Marwijk evitou entrar em polêmica com o maior jogador da história de seu país. " Entendo a crítica feita por Cruyff e penso que o futebol mudou. Sabemos a diferença de um bom futebol para o futebol bonito, mas são coisas que acontecem", analisou Marwijk.

O clima entre brasileiros e holandeses esquentou, pelo menos nos bastidores. O ex-meia Sócrates apimentou o assunto ao desdenhar do melhor jogador da Holanda, o atacante Arjen Robben. "Ele é perigoso, mas acho que é muito limitado. Só tem uma ação, que repete infinitamente", comentou, referindo-se ao lance pela direita, quando o craque corta para chutar com a perna esquerda. "Se a defesa estiver atenta, simplesmente pode eliminá-lo. Espero que Dunga veja isso", avisou.

Já o velho lobo Zagallo ensina a receita para sair com a vitória. "Tenho certeza que eles vão explorar as costas do Michel (Bastos). Ali temos mais dificuldade. É preciso ter atenção total. Pode ser uma jogada mortal com o Robben, que decide nos 30 metros finais", recomendou.