Crianças e adolescentes marcaram as celebrações de Corpus Christi, ontem no Grande ABC.
Pequeninos e jovens se uniram desde o início da manhã para montar belos tapetes, feitos de serragem e materiais recicláveis, com temas que lembram o mistério da eucaristia e a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Em Ribeirão Pires, a ação é tradicional nas igrejas da cidade. Na paróquia Santa Luzia, no bairro de mesmo nome, a montagem começou às 6h. O sol ainda não havia saído e fazia frio, mas a turma de 70 pessoas estava animada. “Em anos anteriores, começávamos o trabalho na madrugada, mas como grande parte das pessoas é menor de idade e há falta de segurança nesse horário, decidimos fazer de manhã”, explicou Nayrane da Silva Gomes, 21 anos.

O grupo projetou um tapete com 50 metros de comprimento, que apesar do tamanho, não teve dificuldade em ficar pronto, com a junção de esforços. “É muito bom essa união entre os jovens. A gente se diverte e ainda fortalece a nossa fé”, disse a garota.

Na Matriz ribeirão-pirense, o cenário também era, em sua maioria, infanto-juvenil. Erick Almeida, 11, levou a sobrinha, Thaissa Garcia da Silva, 10, para ajudá-lo a elaborar uma parte do tapete de 150 metros. “Estamos fazendo um trabalho para Deus e ficamos muito felizes por isso”, destacou o menino.

As gerações marcaram presença na preservação da tradição. Dona Maria Moura, 60, por muitos anos levou os filhos para participarem da montagem dos tapetes. Agora, foi a vez de iniciar o neto, Gabriel, 8, na iniciativa. “A igreja e atividades como essa ensinam o respeito ao próximo e nos ajuda a educar”, ressaltou.

SANTO ANDRÉ

Na cidade, fiéis lotaram a Catedral do Carmo na missa campal, realizada às 10h.
Na Paróquia Mãe de Deus e dos Órfãos, na Vila Rica, os tapetes foram diferenciados: uma trilha feita com sacolas, nas quais dentro delas estão alimentos e roupas para doação à diversas entidades sociais. O modelo já é promovido há três anos. A distribuição aconteceu após a missa campal, realizada às 10h.

“O dia de Corpus Christi celebra o amor, a união e a partilha, essas são as principais mensagens da data. Por isso, há três edições fazemos dessa forma, para ajudar com as doações as pessoas carentes”, detalhou o coordenador da paróquia, Everaldo Santos Pereira, 54. O tapete de doações teve 60 metros de extensão.

Crise econômica impactou na montagem dos tapetes

Nem os atos de fé escaparam da crise econômica que assola o País. Os grupos das paróquias de Ribeirão Pires encontraram dificuldades para conseguir a quantidade de serragem que projetavam para fazer os tapetes que marcam o Dia de Corpus Christi.

“Esse ano foi muito difícil, pois conseguimos pouquíssimas doações de serragem das serralherias. Como a economia está em baixa, a produção está pouca”, contou a jovem Nayrane da Silva Gomes, que coordenava o trabalho na paróquia Santa Luzia. “Tivemos que comprar serragem. Gastamos R$ 150 em 50 sacos de 300 litros”, completou.

Na Paróquia São José, o mesmo problema. “Foi complicado para encontrar serragem, tanto que faríamos um tapete muito maior, mas pela dificuldade, tivemos que diminuir”, contou o técnico de segurança do trabalho Anderson Ribeiro de Jesus, 42, que participava da montagem. O tapete, que antes percorria pelo menos seis ruas, dessa vez limitou-se à Praça da Matriz e à Rua Comendador José Ugliengo, com 150 metros de comprimento.