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Mãe perde guarda de filha devido a atraso
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
07/10/2004 | 09:17
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Uma sucessão de atrasos no horário de buscar a filha na escola bastaram para que a doméstica Francisca Neide Ramos, 26 anos, perdesse temporariamente a guarda da criança H.B.R., de 5 anos. O último episódio do caso ocorreu no fim da tarde do último dia 29, na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Lauro Gomes, Rudge Ramos, em São Bernardo. Neste dia, a pessoa encarregada pela mãe de buscar a menina na saída da aula se atrasou por uma hora e meia e não encontrou mais a criança.

Na mesma noite, H. foi encaminhada para um abrigo mantido pelo Conselho Tutelar da cidade, onde permanece com outras crianças com idades entre zero e 5 anos. "Estou apavorada. Não me deixam visitar minha filha", disse a empregada doméstica. "Não sei se ela está sendo bem tratada. Ela é muito apegada à família e acredito que isso a marcará profundamente."

Segundo o conselheiro João , o isolamento é comum nesses casos e poderá ser quebrado apenas com a permissão do juiz da Vara da Infância e Juventude, que avaliará o caso. Há dois dias, o Diário tenta entrar em contato com o magistrado, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. No Fórum de São Bernardo, existe um processo que relata o incidente, mas o material corre sob segredo de Justiça.

Funcionários do Conselho Tutelar de São Bernardo, no entanto, informaram que a "negligência" de Francisca com relação à filha é observada desde 2002. Além dos atrasos recorrentes para buscar a criança na escola, também pesaram na decisão de retirar temporariamente a guarda dos pais (que são separados) as ausências da criança na escola, que algumas vezes chegaram a se estender por até duas semanas consecutivas.

"Isso realmente aconteceu, mas por problemas de saúde. Minha filha tem asma e quando ela enfrenta crises eu não a levo para a escola", defendeu-se Francisca. Nas vezes em que isso ocorreu, a doméstica garantiu que a diretoria da Emei recebeu atestados médicos.

Os pais da menina não têm antecedentes criminais e ambos possuem emprego fixo. No dia em que a criança foi levada pelo Conselho Tutelar ao abrigo, os responsáveis se atrasaram por quase uma hora e meia além do horário de buscar H. na escola. Segundo a mãe, a criança teria sido levada por funcionários da escola a uma base comunitária da Guarda Civil Municipal, a cerca de 200 m da Emei. Os agentes teriam se encarregado de acionar os conselheiros.

A diretoria da escola não quis dar entrevista ao Diário, mas a Secretaria da Educação de São Bernardo, por meio de sua assessoria de imprensa, negou o fato relatado à reportagem (também por agentes da guarda municipal e conselheiros tutelares). Segundo a secretaria, a criança teria permanecido por todo tempo dentro da escola até ser levada ao conselho.




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