Economia Titulo Competitividade
Descredenciamentos devem diminuir
Do Diário do Grande ABC
15/04/2009 | 07:00
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A competitividade, que deve se instalar entre as operadoras, poderá diminuir o frequente descredenciamento de médicos e serviços oferecidos a fim de manter o usuário fiel ao plano e à empresa que está inserido. A afirmação foi feita pelo Dr. Tomás Patrício Smith-Howard, diretor de defesa profissional da APM (Associação Paulista de Medicina).

Segundo ele, é comum o usuário ficar com uma carteira restrita e ter de se deslocar para locais distantes para ir a uma consulta, ou que só consiga marcá-la para depois de meses. Além disso, dificilmente as empresas repõem os médicos e serviços que foram descredenciados por outros equivalentes.

"Esses erros cometidos pelas empresas de saúde devem cair a fim de fidelizar o cliente, afinal, quem é que gosta de passar meses em consulta com o mesmo médico e no final do tratamento descobrir que ele não atende mais a empresa ou que aquele tipo de exame não é mais coberto pelo plano?", questionou.

Segundo Smith-Howard, isso acontece pela desvalorização do trabalho dos profissionais da medicina, que recebem menos de R$ 15 por consulta, na maior parte das vezes, sem contar o atraso com o pagamento. "É também por isso, que lutamos para que haja a ‘contratalização', uma vez que médicos são prestadores de serviços. A nova medida é uma chance que temos para valorizar nosso trabalho e conseguir manter por mais tempo os profissionais da saúde em uma mesma empresa", citou. Para o integrante da APM, o preço que deveria ser cobrado, por consulta, seria de, no mínimo, R$ 42.

ALTERAÇÕES - O diretor de defesa profissional da APM acredita no sucesso da medida, porém, apontou alguns itens que poderiam ser melhorados.

O primeiro deles é a questão da abrangência da portabilidade. "Apenas a minoria será beneficiada, já que se restringe aos contratos que foram regulamentados após 1999 e se restringe aos planos individuais - que correspondem a 16% daqueles que possuem planos de saúde (84% dos contratos são empresariais)", avaliou Doutor Tomás.

O segundo item se refere ao tempo de permanência que o usuário precisa ter em cada operadora para que possa migrar para outra (de, no mínimo, dois anos). Em seguida, a APM contesta o período em que a portabilidade pode ser solicitada: apenas uma vez ao ano - entre o mês de aniversário do contrato e o mês subsequente.

"Outro tópico que poderia ser mais flexível é quanto aos tipos de contrato. Acreditamos que os usuários poderiam migrar para planos superiores ou inferiores, arcando apenas com mensalidades maiores por um determinado período, ou então, cumprindo com carência parcial", finalizou o médico.

Exigências são para evitar oportunistas

As exigências listadas pela ANS (Agência Nacional de Saúde) são uma forma de evitar que haja usuários oportunistas solicitando a portabilidade de planos, segundo o superintendente executivo do Iess (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), José Cechin.

Ele explica que se a ANS autorizasse a livre migração de uma empresa para outra, assim como entre os planos - sem nenhuma restrição -, muitas pessoas poderiam pagar um plano de baixo custo até o momento que precisassem de tratamentos e cirurgias, migrando, assim, para um plano melhor, top.

"Isso não seria justo. As grandes operadoras/seguradoras iriam ter desfalques e arcariam com toda a despesa mais pesada dos usuários. Nesse caso, seria impossível estimular a concorrência e a melhora no atendimento de clientes", esclareceu o executivo.

OPINIÃO - Quanto as estratégias das operadoras e seguradoras, José Cechin entende que cada uma desenvolverá uma tática diferente para manter o usuário, a fim de fidelizá-los, seja por meio dos preços e/ou serviços oferecidos.

Quanto aos usuários, o superintendente do Iess frisou que analisar os planos antes de solicitar a portabilidade é o primeiro passo que se deve dar. "Mesmo estando ciente de que a medida é válida para planos semelhantes, é preciso checar quais os hospitais, clínicas, serviços, exames e equipe médica que o novo plano irá oferecer ao usuário, além dos endereços e locais de atendimento. Essa análise é essencial para que se evite problemas futuros", lembrou Cechin.




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