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Indústria passa por pior crise desde 1999, diz CNI
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23/07/2003 | 00:06
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Pesquisa divulgada na terça-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) indica que o setor enfrenta sua pior crise desde o segundo trimestre de 1999, com queda nos índices de liquidez e margem de lucro. O levantamento mostra também que a expectativa dos industriais de que as exportações crescerão nos próximos seis meses é hoje a menor desde janeiro de 2002.

Pela sondagem, feita de 25 de junho a 15 de julho com 1.385 empresas, a perspectiva que os empresários têm de aumentar as vendas externas é de 54,1 pontos, ante 56,3 pontos verificados em abril e 58,6 em janeiro. O indicador, medido trimestralmente, varia de 0 a 100 pontos e valores acima de 50 indicam expectativa de crescimento.

Como são os exportadores que têm dado alento à indústria, a tendência é de que o nível de atividade (a utilização da capacidade instalada que está hoje em 68%) diminua nos próximos meses, ainda mais se não houver recuperação da demanda doméstica. Com a queda nas vendas, os estoques de produtos acabados estão acima do desejado, em 54,2 pontos, segundo a sondagem. É o mais alto nível de estoque de toda a série avaliada pela CNI, iniciada no segundo trimestre de 1998.

Dos 18 setores econômicos pesquisados, os empresários de três prevêem queda das exportações nos próximos seis meses. No setor de madeira, o indicador ficou em 44,5 pontos; no de couros e peles, ficou em 45 pontos; e no de matérias plásticas, em 47,7 pontos. Para os empresários dos setores de mecânica e de bebidas, as exportações ficarão estáveis.

Segundo Flávio Castelo Branco, economista da CNI, o alto nível de estoques vai retardar a recuperação do setor porque, quando a demanda interna melhorar e as exportações crescerem mais rapidamente, as empresas terão de se desfazer dos estoques elevados para voltar a produzir, comprar matérias-primas e produtos intermediários. "A recuperação da indústria será mais lenta", afirmou.

Selic – Para ele, mesmo uma redução de 1,5 a 2 pontos porcentuais nos juros básicos não será suficiente para aumentar o consumo e reativar a economia. "É preciso também reduzir os depósitos compulsórios e, sem dúvida, aprovar as reformas sem tantas mudanças", disse.

Com a atividade em baixa e as perspectivas de crescimento arrefecidas, as finanças das empresas se deterioraram e aumentaram os riscos de demissões. O indicador de lucratividade ficou em 33,8 pontos, 11% menor do que o de abril, que era de 38 pontos.

Com isso, a situação financeira piorou de 45 pontos em abril para 41,7 pontos neste mês. E o indicador do número de empregados ficou em 48,1 pontos na sondagem, ou seja, os empresários avaliam que precisarão demitir funcionários nos próximos seis meses.




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