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Negra Li mostra a face suave do rap nacional
28/10/2004 | 10:12
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Poucas vezes a periferia paulistana foi representada com tanta harmonia no rap. Quem lhe dá voz afinada é Negra Li, cantora-revelação de 25 anos, nascida e criada na vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo. Com show no Urbano, quinta, ela lança o primeiro CD, Guerreiro, Guerreira (Universal), ao lado do mano Helião, baiano que desembarcou em Pirituba ainda criança. Ambos dividem os vocais e a autoria das 11 faixas do CD e têm em comum a determinação de cantar "letras construtivas" e sem palavrões.

"Acredito que o rap poderia ter se desenvolvido melhor se não fosse pela negatividade e a falta de musicalidade de muitos artistas", combate Helião, fã de Jorge Ben Jor, soberano do suingue alto-astral, e do tranqilão Zeca Pagodinho. "Não sou vulgar, não sou preconceituosa, minha música fala por mim, só canto coisas que Deus aprovaria", endossa Negra Li, que tem Lauryn Hill, Elis Regina e Mary J.Blige entre as boas influências.

Reggae e soul music estão nas bases de suas investidas sonoras, que leva a sério. Atuando há quatro anos como coralista e solista no Coralusp, ela estuda canto, piano, ritmos de jazz, blues e samba, faz improvisos de bebop. "Resolvi gravar porque surgiu essa oportunidade, mas ainda estou engatinhando. Quero continuar estudando música para construir uma carreira duradoura. Nesse meio, a gente é sugada até a última gota, se não se aprofundar em alguma coisa acaba logo", diz ela, pé no chão.

Filha de evangélicos, tendo o pai como músico de igreja, Negra Li (batizada Liliane de Carvalho) já mostra bons resultados desse aprendizado em Guerreiro, Guerreira. Com muito potencial para expandir, tem voz marcante - tanto quanto a presença no palco. Aos 11 anos descobriu o gosto pela múscia negra norte-americana.

Cruzou com Helião pela primeira vez há um bom tempo. Foi na época em que ela "só entrava em roubada" como integrante de um grupo de rap do qual já esqueceu até o nome. "A gente não ganhava nada, cantava para meia dúzia de pessoas", lembra. No dia em que decidiu que seria o último show com o grupo, lá estava o RZO (Rapaziada Zona Oeste), coletivo de rap que Helião tinha fundado no final dos anos 80, para dar uma luz.

O primeiro passo significativo partiu desse encontro. Ao vê-la cantando com o RZO, Chorão, do Charlie Brown Jr., decidiu convidá-la a fazer vocal em Não É Sério, que puxou o CD Nadando com os Tubarões. Agora, Negra e Helião estréiam emplacando sucesso em novela global: Guerreiro, Guerreira é tema da personagem de Thalma de Freitas em Começar de Novo.




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