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Sindicalistas dominam cenário e ficam no poder
Por Fábio Martins
do Diário do Grande ABC
19/09/2011 | 07:18
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A trajetória do movimento sindical do Grande ABC para a seara política tem projetado lideranças a cargos de primeira linha. O protagonista desta trilha é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Principalmente nos últimos 30 anos, porém, a caminhada vem sendo seguida à risca por uma gama de seus contemporâneos e afilhados políticos, que cavam o futuro por meio de postos eletivos e, geralmente, não retornam ao sindicalismo. PDT, PTB e PT são os maiores destes celeiros.

Na eleição de 2012, por exemplo, deve ser formado na região cinturão sindical do qual Lula é o principal fiador. O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), e o deputado estadual Carlos Grana, candidato petista ao Paço de Santo André, são os principais pupilos. O consenso em torno de Grana no PT mostra que a vontade de Lula prevaleceu. Ele é do mesmo grupo de Marinho no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, a transição da ação sindical para a política dilata vertente da mobilidade social, sem data de término. "Abre novo horizonte (com o ingresso na política), proporcionando visibilidade, status, que dificilmente tem volta. Mas esta característica é observada de maneira internacional."

O especialista sustenta, contudo, que o sindicalismo não é utilizado como trampolim para ascensão política. Segundo ele, atuar no movimento sindical tem custo benefício muito penoso para considerar como simples oportunismo. "Seria reducionismo generalizado."

O deputado federal Vicentinho (PT-São Bernardo), por sua vez, defende que a origem do político com base sindical é natural, assim como o histórico daqueles advindos de outras áreas. "Uns são médicos, ascendem e ganham confiança, como o deputado William Dib (PSDB) e o Aidan (Ravin, prefeito de Santo André, PTB)", afirma, ressaltando que ‘está' deputado, mas é metalúrgico.

O petista ressalta que a manutenção na política se dá em razão do ciclo que se fecha no sindicalismo, depois de ocupar diversos cargos no setor e por conta da renovação de quadro, abrindo espaço aos jovens, com dinamismo e oxigenação. "Fui vice e depois presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, na década de 80, dirigente da CUT nos anos 90. Fiz minha história. Como vou voltar ao mesmo lugar? Cumpri a missão."

Grana tonifica que o movimento sindical é uma escola ‘extraordinária' da política, no entanto frisa que não basta esta experiência para exercer um cargo público. "É preciso ampliar a capacidade, pois trata-se de governar para todos. Fato de eu estar hoje como deputado, por exemplo, me permite este aprendizado."

O ex-prefeito de Santo André João Avamileno (PT) considera que a projeção das lideranças sindicais é fruto da luta pela liberdade e autonomia da área em tempos de ditadura militar, além de melhores condições de trabalho e salário. "Esse conjunto se desenvolveu por causa de pessoas que mostraram vontade de brigar por uma sociedade melhor e sinalizaram dom para a política."




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