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Cem anos de Carmen Miranda

'Pequena Notável' se foi em agosto de 1955, mas o mito permanece vivo e inigualável até os dias de hoje

Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
09/02/2009 | 07:00
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Ela usava turbante carregado de frutas tropicais, sandálias plataforma e tinha um jeito todo especial de cantar, com seu contagiante requebrado e olhinhos que reviravam ao sabor das melodias. Uma simples descrição assim e qualquer um pode identificar a artista sem pestanejar: Carmen Miranda. Pois hoje, se estivesse viva, a ‘Pequena Notável' faria 100 anos.

A mulher se foi em agosto de 1955. O mito permanece vivo e inigualável. Nascida em Portugal, Carmen Miranda desembarcou no Rio aos 10 meses de idade. Começou carreira em 1929 e um ano depois já estourou com o sucesso Pra Você Gostar de Mim (Taí), marchinha de Joubert de Carvalho. Até meados de 1930, a artista gravou 281 músicas no Brasil. São cerca de dois discos por ano - o dobro da média dos grandes artistas de hoje.

Carmen não só revolucionou costumes e colocou as marchinhas definitivamente no repertório carnavalesco como foi um símbolo do Brasil nos Estados Unidos - e no mundo - a partir de sua ida para a terra de Tio Sam em 1939. Mas o mesmo sucesso que a catapultou ao estrelato a fez entrar em decadência. Para atender à frenética demanda de shows e gravações na ‘terra das oportunidades', Carmen era movida a doses proibitivas de barbitúricos - para se manter em pé e para descansar. A isso, somava-se a bebida.

Em sua última viagem ao Brasil, em 1954, teve de entrar no avião carregada. A tentativa de curar-se foi também cruel e entre as ‘soluções', absurdos eletrochoques. Nessa última passagem pelo Brasil, Carmen recebeu diversas homenagens, mas de volta a Hollywood, reencontrou sua rotina mortal. E em 5 de agosto de 1955, Carmen morria sozinha, de infarto, durante a madrugada, no banheiro de casa. Seu enterro, no Rio, foi acompanhado por uma multidão.

Para celebrar o centenário de Carmen e toda a alegria com a qual contagiou o público, o Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822. Tel.: 3340-200) realiza a programação Entre Babados e Balagandãs, com os shows de Ná Ozetti (dia 17, às 20h), Sapo Banjo Orquestra (20) Yvette Matos e Banda (21), Revista do Samba (22), Nas Batucadas da Vida (23), e Uli Costa e Bando da Rua (24). Em oficinas, de 21 a 24, o público aprenderá a construir balangandãs similares aos de Carmen e da época. E nos dias 19 e 20 a unidade exibe, respectivamente, os filmes Uma Noite no Rio e A Grande Vedete.

Para as crianças, há o musical A Pequena Carmen - Uma História Notável, nos dias 21 e 22. O escritor Ruy Castro, autor da biografia Carmen, conversa com o público no dia 18, às 20h (grátis). Ele também é atração de hoje, às 22h10, no Roda Viva, da TV Cultura. A emissora reexibe entrevista de 2006. Antes, às 21h40, o Metrópolis fala sobre a cantora. Neste mês, a Cultura ainda exibe programetes ao longo do dia que mostram a ligação de Carmen com o samba e a construção da imagem do Carnaval brasileiro nos Estados Unidos.

O Sesc Pompéia (Rua Clélia, 93. Tel.: 3871-7700) realiza, no dia 28, show com três cantoras do grupo vocal Terno de Damas, acompanhadas por Carlos Careqa, Mário Manga e Mauricio Pereira, que representam o Bando da Lua.

A CNT também lembra a trajetória da Brazilian Bombshell hoje, às 22h, no programa Todo Seu, de Ronnie Von. A cantora Maria Alcina interpreta os grandes sucessos da artista.




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