Economia Titulo Resultado
Indústria reduz ritmo de produção
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
03/12/2011 | 07:13
Compartilhar notícia
DGABC (arquivo)


 

A indústria nacional reduziu ainda mais o ritmo. A produção das fabricantes registrou, em outubro, queda de 2,2% frente a igual mês de 2010, de acordo com a pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi a maior retração desde o fim de 2009. Outros números do levantamento mostram a desaceleração na atividade das fábricas. Na comparação do mês com setembro, houve diminuição de 0,6%, terceiro resultado negativo seguido. E o índice do acumulado do ano manteve trajetória descendente, com crescimento de 0,7% de janeiro a outubro em relação a igual período de 2010. Foi menos do que o observado nos primeiros nove meses (1,1%).

A elevações dos juros pelo Banco Central ao longo do primeiro semestre e a forte entrada de importados estão entre os fatores do desaquecimento, segundo especialistas. A crescente presença de produtos do Exterior é demonstrada por levantamento da Confederação Nacional da Indústria, que mostra que os itens industriais de outros países representam atualmente 21,5% do consumo nacional, mais do que o índice de 20,3% de 2010. E para o economista do IBGE André Macedo, a crise na Europa colabora para trazer volumes ainda maiores de importados, por causa da retração na demanda no Exterior.

 

AUTOMOTIVO

Entre os setores que mais sentem a retração na demanda estão a área automotiva e as fabricantes de máquinas e equipamentos. A produção nas montadoras e autopeças caiu 6,1% e o das indústrias de maquinário, 5,4% pela comparação do mês frente a outubro do ano passado.

Macedo cita que, no segmento de veículos, paradas em linhas de montagem, por causa dos estoques elevados, contribuíram para o resultado menor. Isso embora, no acumulado do ano, o setor ainda registre alta de 3,2%.

O pequeno empresário do ramo de autopeças Claudio Armidoro, de São Caetano, que é diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo no município, atesta a desaceleração que, segundo ele, é generalizada no setor. "Nossa empresa mesmo teve de fazer dispensas porque as montadoras estão com volume baixo de vendas. Todo o mercado está fazendo isso (cortes)", afirma.

 

MEDIDAS

Para o professor de Economia do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais, Gilberto Braga, a pesquisa mostra o que já era esperado, a desaceleração na produção. "O governo tentou corrigir isso, com o anúncio de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a linha branca. A tendência é que a indústria se recupere", afirma.

Além do pacote de medidas, as reduções na Selic (a taxa básica de juros), a partir do segundo semestre, ajudam a valorizar o real, ao reduzir a entrada de dólares, e isso beneficia as indústrias, segundo outro dirigente do Ciesp, da regional de Santo André, Shotoku Yamamoto. Ele acrescenta que tributos menores para eletrodomésticos estimula o consumo, mas isso deveria se estender para outros setores. "O governo tinha de desonerar os investimentos em máquinas e equipamentos", cita.

Na avaliação de Braga, no entanto, o governo age de forma coerente, ao colocar estímulos para movimentar o consumo de forma dosada. "Se não for suficiente, pode aumentar a dose", diz.

 

Crise afeta investimentos das empresas, aponta CNI

 

A crise externa é o principal risco aos investimentos das empresas em 2012. Para 75,7% dos empresários ouvidos por pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria, as incertezas em relação ao desempenho da economia mundial podem comprometer os planos de expansão futuros. Em 2011, 42,2% das empresas adiaram ou cancelaram investimentos principalmente por causa das turbulências econômicas.

Além da crise, as empresas estão sentindo o acirramento da concorrência. Por isso, pretendem aumentar os investimentos em inovação e ganhar competitividade. No próximo ano, 20,9% das companhias têm como principal foco dos investimentos a criação de produtos. O alvo de 11,6% será a implantação de novos processos. Neste ano, a criação de produtos foi o principal destino dos investimentos de 12% das empresas, e a inovação em processos era a prioridade de 6,3% das indústrias.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;