Os jovens que são fanáticos por games e querem unir o útil ao agradável podem optar pela carreira de desenvolvedor de jogos digitais. A profissão tem boas perspectivas no Brasil, apesar de a produção nacional ainda ser incipiente, de acordo com a Abragames (Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais).

A associação não tem números de faturamento do segmento no País, mas o presidente da entidade, Ale Machado, assinala que há cerca de 200 empresas brasileiras do ramo, em sua grande maioria, microempresas formadas por dois ou três profissionais, que são sócios e estão se estabelecendo. “Há também algumas médias que se equilibram em jogos de conteúdo e publicidade, e bem poucas grandes que são fortes em advergames (para publicidade) ou jogos feitos sob encomenda para treinamento ou educação”, diz.

Ele assinala que há um paradoxo, já que o Brasil é o quarto maior mercado consumidor de games no mundo, mas é dominado por produtos importados, de grandes multinacionais. Apesar disso, o dirigente vê um cenário promissor nos próximos anos no País por causa da trilha aberta pelos aplicativos para tablets, smartphones e para redes sociais. “O mobile (tecnologia móvel) é onde o brasileiro tem mais chances de participar, porque tem autopublicação e não depende de distribuidores”, assinala. Dessa forma, um dos caminhos têm sido se tornar empreendedor. Machado aconselha os profissionais a buscar novas possibilidades de negócios, em mais de uma plataforma. “Quem se forma vai ter de encontrar seu espaço, que pode ser no game ou em áreas correlatas”, diz.

CURSOS

Com as boas perspectivas do mercado, cresce o número de opções na região para quem deseja estudar para ser criador de games. A rede de ensino profissionalizante Microcamp, que tem três filiais no Grande ABC, abre em outubro curso técnico, com dois anos de duração. Terá mensalidade de R$ 200 e vai oferecer aulas que vão de modelagem digital a criação de personagens e de cenário, entre outras disciplinas. “Notamos procura grande, o mercado cresceu muito”, diz o diretor de tecnologia, Marcos Lopes.

A Metodista de São Paulo também está entrando nessa área. No início de 2014, terá a primeira turma de Tecnologia de Jogos Digitais, curso de dois anos e meio de duração (R$ 436 de mensalidade), que será semipresencial e contará com disciplinas de Exatas, como programação, e de Comunicação, como a linguagem multimídia, de vídeo e áudio. O professor Leandro Higuchi Yanaze, que será coordenador do curso, avalia que há oportunidades surgindo para profissionais do ramo. “No Brasil, as empresas têm demandado jogos como estratégia de comunicação, no Facebook ou no site corporativo. A gente vê a internet cada vez mais como uma cultura de interação nas mídias sociais”, afirma.

NEGÓCIO PRÓPRIO

A Fatec (Faculdade de Tecnologia) de São Caetano oferece, desde agosto de 2007, a graduação de Tecnologia em Jogos Digitais, com três anos de duração. O coordenador do curso, Allan Carvalho, destaca que o processo seletivo do curso tem, em média, oito candidatos por vaga. As aulas incluem desde programação, engenharia de software, computação gráfica, roteiro, animação e som, inglês e até empreendedorismo.

Entre os alunos, vários pensam em desenvolver seu próprio negócio. É o caso de Maria Tereza Font Fernandes, 26 anos, que está no segundo semestre e participa de grupo que faz jogos e posta no Youtube. “A área ainda é pequena (no Brasil), mas está em franco crescimento. Há alguns anos não se encontrava desenvolvedor de games”, diz.