Setecidades Titulo Engenharia
Semasa quer parceria
para estudar rachaduras

Defesa Civil de Santo André irá procurar IPT
para detectar origem de trincas em residências

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
15/07/2013 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Para tentar solucionar o problema de rachaduras em cerca de dez imóveis do quarteirão formado pela Rua Jundiaí e Avenida Engenheiro Olavo Alaysio de Lima, no bairro Santa Terezinha, em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) pretende buscar parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) a fim de elaborar estudo geológico do solo e determinar a origem das fissuras. Algumas têm até 15 centímetros de largura.

Além das rachaduras, muros estão cedendo e pisos afundando por causa do problema estrutural. Ao menos quatro imóveis foram totalmente interditados pela Defesa Civil, o último deles há cerca de dois meses. Os demais proprietários foram impedidos de utilizar a área dos fundos das residências, que dá para a avenida e o piscinão Santa Terezinha.

O Diário denunciou o problema há quase um ano. Na ocasião, moradores acreditavam que as rachaduras eram causadas pelo reservatório. “Mas técnicos da Prefeitura estiveram aqui e disseram que, na verdade, o solo está cedendo por conta da movimentação de caminhões no entorno”, afirma o comerciante e líder dos moradores, Mauro Pagoraro, 48 anos, 41 deles vivendo no local. Os veículos pesados, inclusive, foram impedidos de circular na Rua Jundiaí, o que prejudicou galpões de reciclagem instalados na via. No entanto, o Semasa nega que a trepidação gerada pelo tráfego seja a causa do problema (leia ao lado).

Os imóveis foram construídos em área onde antes existia um brejo. Para a abertura da avenida, há 12 anos, o leito do córrego que passa por ali foi trocado de lugar. “Com as enchentes, a rua alaga e, quando a água baixa, carrega a terra que está embaixo das casas. Está tudo oco”, explica Pagoraro.

O comerciante não pode mais usar sua garagem, interditada pela Defesa Civil. O portão não abre por conta do deslocamento estrutural e a rachadura toma o muro inteiro dos fundos, permitindo, inclusive, avistar a casa do vizinho. “A única solução que vejo é a Prefeitura indenizar os proprietários e derrubar tudo.”

PERIGO

O risco de desabamento é iminente. Na residência do motoboy Luiz Carlos Galaverna, 41, parte do teto do quarto do filho caiu há um mês. “Eu estava numa festa e ele, por sorte, decidiu dormir com a mãe.”

O muro dos fundos da casa está escorado com pedaços de madeira, mas as rachaduras são tão grandes que é possível ver o piscinão do outro lado. “Herdei o imóvel do meu pai e moro aqui desde que nasci. Não temos para onde ir, mas estou com medo.”

As famílias chegaram a entrar com ação no Ministério Público, mas o parecer do promotor dá ganho de causa ao município por haver comprovação de que as rachaduras estão ligadas ao reservatório. Para entrar na Justiça contra a administração municipal seria necessário laudo feito por um engenheiro geólogo, ao custo de R$ 15 mil. Os moradores alegam não ter esse dinheiro. “Pagamos impostos e quem deveria resolver o problema é a Prefeitura”, pede Pagoraro.

 
 

Autarquia garante monitorar área

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e a Defesa Civil informam que as residências da Rua Jundiaí estão em constante monitoramento por parte das equipes municipais, a fim de prevenir qualquer tipo de ocorrência no local.

Ainda conforme a autarquia, em vistoria realizada em maio não foi constatada vibração excessiva em virtude do tráfego local, nem foram observadas trincas no viário ou instabilidades nos taludes do piscinão. No entanto, não é possível afirmar a origem do problema e, por isso, é necessária análise do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

O reservatório foi construído na década de 1990 e os problemas começaram a surgir em 2011.

Apesar das rachaduras, a Prefeitura não tem impedido que novos empreendimentos sejam instalados na região. Prédio de apartamentos com três andares foi erguido recentemente e está sendo comercializado na via. “Pelo que os proprietários falaram, a construção já está com rachaduras. É uma irresponsabilidade autorizar qualquer obra aqui”, destaca o líder dos moradores, Mauro Pagoraro. 




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