Márcio Bernardes Titulo
Gostoso favoritismo

Brasileiros, especialistas e torcedores incluídos, experimentaram a sensação de que o time de Dunga pode chegar lá

Por Especial para o Diário
30/06/2010 | 00:00
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Pela primeira vez nesta Copa do Mundo os brasileiros, especialistas e torcedores incluídos, experimentaram a sensação de que o time de Dunga pode chegar lá.

O jogo contra o Chile, além do largo resultado, mostrou a todos que a Seleção é boa e pode chegar à final. Disparado, jornalistas de todo mundo indicam a Argentina como a grande favorita. Em segundo lugar vem a Alemanha, principalmente depois da goleada sobre a Inglaterra.

Com rara exceção de bons momentos contra a Costa do Marfim, os brasileiros não poderiam mesmo reivindicar preferência dos torcedores de outros países que acompanham a Copa. Vencemos, mas não convencemos contra a Coréia do Norte, jogamos mal contra Portugal e precisávamos mesmo de exibição convincente.

Até o técnico do Chile reconheceu os méritos brasileiros. Lamentou apenas o elástico placar. Mas esqueceu-se que o árbitro inglês não deu um pênalti clamoroso sobre Lúcio alguns minutos antes do gol de Juan.

Se o Brasil tivesse caprichado um pouco mais, se Robinho, Daniel Alves e Kaká, especialmente, não tivessem firulado em alguns lances, a goleada poderia ter sido histórica.

É verdade que a Holanda é um adversário perigoso. Mas com o aumento da autoestima dos jogadores e consciência de que podem mais, é impossível deixar de apontar o Brasil como favorito em Port Elizabeth.

Bastidores
Porto Elizabete é uma cidade média da África do Sul. Todos os hotéis da cidade estavam bloqueados pelas agências de turismo da Europa. Com a desclassificação de Itália, França e dos Estados Unidos, as diárias foram liberadas. Prejuízo total.

É indisfarçável o aborrecimento de Gilberto. Ele queria ser titular e não se conteve em mostrar para todos a sua insatisfação. Realmente Michel Bastos não estava jogando bem, como queria a torcida. Mas depois da partida contra o Chile é melhor Gilberto ficar calado. Bastos foi bambambã.

Os holandeses comemoraram com muita cerveja a classificação para as quartas de final. Não estamos falando dos torcedores e sim dos jogadores.

Toque final
Contei aos meus ouvintes do Debate Bola, logo depois do jogo contra o Chile, que sentia algo especial no Ellis Park. O tradicional estádio sul-africano foi palco de dois grandes acontecimentos na história desse país. E eu fiquei relembrando como isso se passou.

Nelson Mandela fez em 1990 o primeiro grande discurso após ser libertado da prisão de Robben Island. Quase 100 mil pessoas acompanharam o evento.

Aliás, sobre isso, outro dia conversei com um negro sul-africano, advogado, hoje com 55 anos. Ele estava no Ellis Park e descreveu-me o ambiente. É impossível não chorar com essa história.

Mandela, segundo o advogado Mboto, estava tranquilo, sereno e feliz. Não mostrava nenhum gesto de mágoa ou ressentimento.

Foi o maior acontecimento político do país.

Outro fato marcante acontecido no Ellis Park foi a final do Mundial de Rugbi, em 1995. A Nova Zelândia era francamente favorita, tinha o melhor time, mas perdeu para a África do Sul, grande zebra.

Mandela já era presidente e usou o jogo para unir ainda mais brancos e negros na torcida e em torno do país. Esse jogo, inclusive, foi tema do filme Invictus, com Morgan Freeman.

Brasil e Chile fizeram a penúltima partida no Ellis Park pela Copa-2010, mas nenhum outro jogo mundialista que lá foi realizado conseguiu marcar tanto os sul-africanos quanto esses dois acontecimentos citados acima.




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