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ABC entra no circuito da droga sofisticada
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
18/02/2005 | 15:01
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A Polícia Civil de São Bernardo realizou quinta-feira a primeira apreensão da droga sintética cristal do Grande ABC. Trata-se de um entorpecente que entrou recentemente no Brasil e é o princípio ativo do Ecstasy, o MDMA. Quando ingerida, a droga causa alucinações por pelo menos cinco horas. Duas pessoas foram presas, mas não deram declarações à imprensa por orientação de advogados.

Investigadores da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de São Bernardo acharam 30 micropontos de cristal no apartamento do estudante de Direito da UniABC Davi Vinícius Frangiotti, 23 anos, localizado na rua Odeon, no Centro de São Bernardo.

No local, os policiais também encontraram 100 micropontos de LSD (ácido lisérgico), 10 Kg de maconha e 100 g de haxixe. Um amigo e parceiro do universitário, Marcel Degelo Duarte, 23 anos, apelidado de Tass, também foi detido.

De acordo com a polícia, a dupla de amigos agia há mais de um ano e fornecia drogas em sistema delivery no Grande ABC e na Baixada Santista. O cristal é uma droga consumida especialmente em raves – festas de longa duração (geralmente de dois dias), animadas com música eletrônica – e em casas noturnas especializadas nesse tipo de som.

Os investigadores da Dise descobriram que a dupla realizava tráfico de drogas por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. O recurso foi autorizado depois da prisão do casal Márcio Renato de Oliveira e Fabiana Machado, ambos de 28 anos, em dezembro de 2004, no bairro Terra Nova 2, em São Bernardo.

Na ocasião, o casal foi preso com 1 Kg de maconha hidropônica (cultivada em água e que recebe iluminação especial, com maior concentração que a maconha plantada) e 44 comprimidos de Ecstasy. O depósito das drogas ficava em um apartamento no bairro Baeta Neves.

As escutas telefônicas indicavam que o fornecedor da maconha hidropônica era o amigo do universitário, Tass. Após a prisão do casal, os policiais passaram a investigá-lo. A maconha encontrado no apartamento do estudante de direito Frangiotti não era hidropônica.

Quinta-feira, às 15h, Duarte e o universitário andavam pela avenida Brigadeiro Faria Lima, no Centro, com o objetivo de entregar uma trouxinha de maconha para um cliente, segundo informou a polícia. Os investigadores pararam a dupla e se dirigiram ao apartamento de Frangiotti.

“Por causa da repressão policial que passou a ser feita em festas raves, que resultaram em diversas apreensões de Ecstasy, os usuários aderiram ao cristal. Os consumidores fazem o seguinte: colocam o cristal dentro de uma cápsula de guaraná em pó. Em uma eventual revista policial, podem dizer que estão consumindo apenas pó de guaraná. Por isso é que adotaram essa nova droga”, afirmou o delegado Paul Henry Verduraz, responsável pela Dise.

Cada comprimido de cristal é vendido por R$ 30 a R$ 50 no Grande ABC. Em São Paulo, o valor pode chegar até R$ 80. O perfil do público consumidor é de classe média e alta. O microponto de LSD é vendido geralmente pelo mesmo preço.

As drogas sintéticas, incluindo o cristal e o Ecstasy, são produzidas, principalmente, na Holanda e na China. Chegam na América do Sul via Paraguai. No Brasil, a entrada é quase sempre pelo Mato Grosso.

De acordo com investigações policiais, Tass era o encarregado de fazer a viagem até Mato Grosso e trazer as drogas para a região. “As escutas telefônicas que fizemos na prisão em dezembro já demonstravam isso”, afirmou o delegado Verduraz.



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