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Tombamento de casarão de Ribeirão Pires é extinto
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
07/09/2005 | 08:05
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A Prefeitura de Ribeirão Pires declarou extinto o processo de tombamento do casarão do bairro Pastoril, local onde residiu o cineasta Herbert Richers, que se consagrou nas versões e dublagens dos filmes exibidos desde o início da televisão brasileira, na década de 1950. O casarão é de 1957. A decisão ocorreu em 1º de junho deste ano. No entanto, documentos obtidos pelo Diário apontam que em 6 de dezembro do ano passado o imóvel da rua João Domingues de Oliveira, no Centro da cidade, já havia sido tombado pelo decreto municipal 5.552, assinado pela ex-prefeita Maria Inês Soares (PT).

A Prefeitura negou que o imóvel tenha sido tombado. "O processo não foi finalizado. O tombamento sequer chegou a ser registrado no livro de tombo", informou. A administração reafirmou que apesar das obras de construção de uma unidade das Lojas Cem no terreno, o casarão será preservado. A atividades de fundação, iniciadas na semana passada, vêm sendo realizadas pela Construtora Beltrati, empresa com sede em Rio Claro, interior paulista.

De acordo com o engenheiro Paulo Roberto Beltrati, 47 anos, a obra deve ser concluída em 90 dias. O terreno tem 4 mil m² e a área construída será de 1,4 mil m², em pavimento térreo. "Serão preservados o casarão e uma área de 1,3 mil m² de mata", disse. O imóvel pertencia à Associação Brasileira da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

A Prefeitura de Ribeirão Pires também rebateu o argumento de que a lei municipal 4.235/99 determina que a partir da abertura do processo de tombamento provisório o imóvel não pode ser destruído, demolido, reestruturado ou reformado, inclusive em seus aspectos paisagísticos, ou ter seu respectivo lote ou área parcelada ou unificada sem o prévio parecer favorável do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural da cidade. "A partir do momento em que foi feita a opção pelo não-tombamento, a área está livre", informou a Prefeitura.

O assunto está causando polêmica. "O pedido de tombamento está baseado em estudos técnicos feitos por arquitetos e historiadores do Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio. O arquivamento é um desrespeito para com a cidade, porque o patrimônio não pertence a esta ou àquela administração", criticou a ex-assessora do Conselho, Marina Scalabrini.

Na avaliação da ex-assessora, a obra no entorno do casarão fará com que o mesmo perca o referencial urbano. "É um dos poucos patrimônios da Pastoril que ainda se mantêm dentro da cidade. Acho estranha a rapidez com que foi acertada a venda do terreno, assim como o início das obras."

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural do município tem mandato de dois anos, prorrogável por igual período. O mandato dos ex-conselheiros se encerrou em dezembro do ano passado.




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