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São Caetano tem aumento de roubos acima da média da região

Concentração de renda e maior circulação de pessoas são apontados por especialistas como motivos da alta do índice criminal

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/05/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


O número de roubos diversos (veículos, celulares, bolsas etc) registrou aumento de 9,35% no Grande ABC quando comparados os dados do primeiro quadrimestre de 2021 com o mesmo período de 2022. Em São Caetano, no entanto, a alta foi quase quatro vezes superior à da região, registrando elevação de 35% – veja dados abaixo.

Os dados são da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado e, segundo especialistas, fatores como maior concentração de renda no município e o aumento na circulação de pessoas, com o cenário mais controlado da pandemia, estão entre as causas.

A ex-secretária nacional de Segurança Pública, ex-secretária de Defesa Social de Diadema e consultora na área, Regina Jasinowodolinski destaca que não é preciso ser especialista para constatar que a segurança piorou nos últimos anos. Ela frisou que, se antes a sensação de insegurança não condizia com os índices, hoje os dados de criminalidade justificam o medo. “Psiquiatras têm relatado que muitos indivíduos não conseguem mais sair de casa, por temor de assaltos”, pontuou.

A especialista citou que o desemprego, a falta de oportunidades, especialmente para os jovens, fazem parte do que justifica – mas não explica, ela faz questão de destacar – a alta no índice de roubos. “São Caetano, que tem um dos melhores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano), tem pessoas com maior poder aquisitivo o que faz com que a criminalidade atue mais nessa região”, opinou.

A avaliação é compartilhada pelo especialista em segurança e escritor internacional, Jorge Lordelo, que citou que “a pedra no sapato da SSP, atualmente, é assalto” e que as ações de repressão tem se intensificado nos assaltantes em motos, com aumento das abordagens e da presença policial. Em 4 de maio, o governo do Estado lançou a Operação Sufoco, que visa aumentar o efetivo da PM (Polícia Militar) na rua e combater, especialmente, os roubos e furtos de celulares.

“A vida está voltando ao normal, quase não se fala mais em pandemia, e com mais pessoas circulando, os crimes aumentam”, afirmou. “Mas também temos menos empregos, mais pessoas em situação de miséria, maior consumo de drogas e álcool e tudo isso se reflete no aumento da criminalidade”, completou. Os dois especialistas ressaltaram que, apenas aumentar a presença policial não é o bastante. É preciso dar condições ao Judiciário de completar o trabalho, com mais celeridade, e uma reforma profunda no Código Penal, criado em 1940. “Precisamos de reforma estrutural na parte policial e judiciária. O mundo evoluiu e temos metodologias antiquadas”, afirmou Lordello. “Sou a favor de uma polícia na rua, mas também de uma reforma geral do sistema. Só a presença na rua não é o bastante”, completou Regina.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) comentou a alta dos índices criminais e afirmou que com a retomada das atividades, os números estão voltando aos patamares de 2019. “Lançamos a Operação Sufoco no começo de maio e não tenho dúvida que a ação vai refletir nos indicadores do mês de maio.” 

A Prefeitura de São Caetano informou que o primeiro quadrimestre do ano passado foi o período mais crítico da pandemia e que o retorno da circulação de pessoas se relaciona com o aumento dos crimes. “A cidade possui o melhor IDH do Brasil. O município se destaca pela geração de renda, o que acaba atraindo criminosos, especialmente os que atentam contra o patrimônio”, relatou em nota. 

“A Prefeitura trabalha para favorecer a integração entre as forças de Segurança (Guarda Civil Municipal, Policia Civil e Policia Militar). Também tem convênios que permitem que policiais (Atividade Delegada) e guardas civis municipais (Atividade Diferenciada) atuem em dias de folga no policiamento da cidade, o que amplia os efetivos nas ruas.”




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