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Ômicron chega a duas cidades do Grande ABC

Faculdade de Medicina do ABC confirma dois casos da cepa da Covid em São Bernardo e um em São Caetano

Dérek Bittencourt
30/12/2021 | 09:01
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Celso Luiz/DGABC


Os três primeiros casos de pessoas do Grande ABC infectadas pela variante ômicron da Covid-19 foram confirmados na manhã de ontem. O anúncio foi realizado pela FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que identificou a cepa durante análise de amostras de dois moradores de São Bernardo e um de São Caetano, através de sequenciamento genético realizado no laboratório do centro universitário de Santo André.

Segundo a faculdade, as três pessoas não tinham histórico recente de viagens, o que sugere transmissão comunitária, situação esta que foi confirmada no caso do munícipe são-caetanense, mas ainda está em análise com relação aos dois são-bernardenses. O trio, seja como for, está isolado e vem sendo monitorado, segundo as administrações públicas.

“No momento, a Secretaria de Saúde aguarda resultado de nova análise dos exames por parte do Instituto Adolfo Lutz. Os pacientes estão em isolamento e sendo monitorados. Ainda não é possível afirmar se a infecção é comunitária. A secretaria estadual de Saúde está sendo notificada sobre os casos”, manifestou-se, por nota, a Prefeitura de São Bernardo. “A Secretaria de Saúde realizou a busca ativa do morador positivado com a variante ômicron, foi identificado que se trata de contaminação comunitária e a notificação foi realizada”, declarou, também em nota, a administração de São Caetano.

De acordo com o vice-reitor do centro universitário e coordenador do laboratório de análises clínicas da FMABC, Fernando Luiz Affonso Fonseca, a importância de se fazer o procedimento que identificou a ômicron nos pacientes é justamente mapear e entender melhor a variante. “O sequenciamento genético nos permite conhecer e acompanhar a evolução das variantes de maneira mais ágil. Um vírus altamente transmissível como este causador da Covid-19 está sempre mudando para se adaptar. Quanto mais amostras tivermos para analisar, mais iremos entender como ele está se desenvolvendo na comunidade, quais medidas de prevenção são mais efetivas e como as vacinas estão agindo. Com essa iniciativa faremos um mapeamento mais detalhado dos casos na região”, explicou. “Não são só as mutações que caracterizam como sendo mais grave ou mais importante, mas a interação entre as mutações e entre as mutações e organismo. Tudo isso precisa ser estudado e caracterizado.”

O especialista ainda falou sobre a origem e toda a pesquisa que ainda vem sendo feita para melhor compreensão de como essa cepa se comporta e reage. “A ômicron foi colocada como variante de preocupação por conta da quantidade de mutações que apresenta quando comparada ao vírus original. São cerca de 50 mutações. A gente não sabe direito o que pode acontecer, porque a transmissão é mais elevada, mas, ao mesmo tempo, os sinais e sintomas parecem ser mais brandos, isso (com fonte em) publicações dos colegas do Sul da África, que verificaram que as pessoas apresentaram sintomas mais leves, mas ao mesmo tempo mais gente doente. Na Inglaterra teve boom de casos, mas parece que a mortalidade fica inalterada. Já nos Estados Unidos vemos outro panorama porque tem menos gente vacinada”, comparou.

Desta maneira, como o Grande ABC tem uma alta taxa de vacinação, é possível que a ômicron não tenha grande impacto na região. “Com as três doses, incluindo a dose de reforço, confere mais proteção contra esta variante. Se a gente vacinar crianças, o que está sendo bem discutido, a gente consegue diminuir a transmissão do vírus, então a probabilidade de mutar diminui. E dar sequência ao uso de máscara e ao distanciamento social. Temos de estar de alerta para o que vem daqui para diante. Acho que a gente está mais capacitado, mais reformado e acima de tudo vacinado, então isso dá certo conforto, mas a vigilância continua”, comentou Fernando Fonseca. “Não sei se vai ter explosão de casos. Mas se a gente conseguir avançar a terceira dose, completar o ciclo vacinal, vacinar a criançada até os 11 anos e ainda manter máscara e distanciamento, acho que a gente consegue passar da mesma forma como passou pela delta, tendo aumento, mas sem explosão ou atropelamento”, finalizou o especialista.

REGIÃO

Presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB) falou sobre a identificação dos primeiros casos na região e o que a chegada da ômicron às sete cidades representa.

“Preocupação pela capacidade que essa variante tem de infectar, tanto que mundo bateu recorde de casos ontem em dia único. Mas não temos caso grave. Número de casos aumentou, internação de casos leve aumentou. Mas vamos enfrentar. Em paralelo, enfrentamos também aumento nos casos de síndromes gripais, H3N2”, afirmou.

O chefe do Paço andreense ainda destacou que vacina para essa nova cepa da Influenza só deverá estar disponível no “ano que vem” e, para combater o volume de pessoas buscando atendimento, aumentou para 1.444 o número de médicos na rede pública.

“Aumentamos em 30% a capacidade e duplicamos os plantões, para atendimento sete dias por semana, durante as 24 horas. Precisa de um pouco de paciência, mas a gente vai atender todo mundo. Todos os hospitais, tanto da rede pública quanto privada, estão com aumento de demanda por conta da ômicron e da H3N2. Inspira cuidados, mas também temos essa tranquilidade de que número de casos graves não tem crescido. Vamos monitorar caso a caso”, finalizou. 




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