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Souza Cruz pode dominar venda de cigarros em Cuba
Do Diário do Grande ABC
30/10/1999 | 14:48
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A Brascuba, empresa que a Souza Cruz mantém em Havana em parceria com o governo, pode assumir o domínio da venda de cigarros no mercado que mais cresce na ilha - aquele no qual as mercadorias sao vendidas em dólares. O fato depende de um acordo para aumentar a produçao da fábrica, chegando a 1 bilhao de cigarros, até o fim do ano.

A Souza Cruz propôs investir US$ 12 milhoes com o acordo - dos quais US$ 3,5 milhoes seriam cedidos por financiamento em cinco anos para a reforma das outras fábricas do produto em poder da Unión de Empresas de Tabaco (Uneta), estatal de Cuba para o setor. A Uneta possui 50% da sociedade da Brascuba.

O acordo é estudado pelo governo cubano, que em deve dar sua resposta até a próxima semana, disse o diretor-financeiro da Souza Cruz, Milton Carvalho da Costa, que integrou a missao de empresários da Federaçao das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) que viajou no início desta semana para a ilha. Com o aumento da produçao, a Uneta vai deixar de distribuir nos 3 mil pontos de venda de produtos em dólares os cigarros que fabrica em suas sete fábricas próprias, que detêm 60% deste segmento.

"Nao se trata de monopólio, se outra empresa quiser entrar, também pode", ressalvou Carvalho. Ele explicou que, para o governo de Cuba, o importante é manter a exclusividade de fornecimento de charutos neste segmento, o que mais cresce na economia do país, segundo o próprio diretor da Souza Cruz.

A negociaçao em dólares, pelo chamado mercado de divisas, foi permitida pelo governo cubano após a grave crise que a ilha sofreu com o fim da Uniao Soviética, em 1991, que deixou os cubanos sem o seu principal mercado para venda de açúcar a preço mais caro e compra de petróleo a valores subsidiados. Dentro de Cuba, existem ainda outros dois sistemas de fornecimento aos consumidores cubanos: o mercado de pesos, que vale tanto quanto o dólar, ou "liberal", e o sistema de "libreta", pelo qual o governo distribui mercadorias racionadas à populaçao.

A Souza Cruz começou a operar a Brascuba em 1996, em uma fábrica que, antes da revoluçao de 1959, produzia o Lucky Strike na ilha. O vice-presidente da Brascuba, Dante Letti, explicou que as sançoes econômicas dos antigos donos foram evitadas com a compra, pela Souza Cruz, do certificado de propriedade do ativo, que estava em poder da American Brand.

No ano passado, o faturamento da Brascuba foi de US$ 8,9 milhoes com o lucro chegando a US$ 588 mil, após o pagamento de impostos e outras despesas. Até setembro deste ano, o faturamento já havia chegado a US$ 8,8 milhoes, e o lucro após impostos, a US$ 1,389 milhao. Até dezembro, a estimativa é que estes valores cheguem, respectivamente, a US$ 11,9 milhoes e US$ 1,6 milhoes. Com o aumento da produçao, a Brascuba deve aumentar seu número de funcionários, de 200 para 300.




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