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Greve traz incerteza sobre a volta às aulas no Grande ABC

Professores da rede estadual são contra o retorno presencial; na região, apenas São Caetano vai reabrir as escolas

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/02/2021 | 07:00
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O retorno às aulas presenciais na rede estadual, previsto para hoje em todo o Estado de São Paulo – no Grande ABC, exceto em São Caetano, as aulas serão apenas virtuais, pois decretos municipais proíbem que os alunos retornem às escolas públicas antes de 1º de março – está ameaçado pela greve sanitária declarada na semana passada pela Apeoesp (Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). De acordo com o sindicato, a paralisação foi aprovada em assembleia por 81,8% da categoria.

Os professores afirmam que voltar ao convívio escolar, no momento em que o País enfrenta uma segunda onda de casos de Covid – na última semana o Grande ABC registrou média de 24 mortes ao dia em decorrência do coronavírus, a maior desde o início da pandemia – vai colocar professores, funcionários e alunos em risco. A categoria exige que as aulas presenciais sejam retomadas apenas quando a pandemia estiver controlada e houver mais pessoas vacinadas. Até o momento, foram imunizados profissionais de saúde, indígenas, quilombolas e idosos com 90 anos ou mais.

Os representantes da Apeoesp no Grande ABC evitam fazer previsões sobre a adesão à paralisação e avaliam como “absurda” a posição do governo estadual, que afirmou que vai descontar os dias não trabalhados de quem tiver falta injustificada. Questionam também a necessidade da presença dos docentes nas escolas da região, onde todas as prefeituras, exceto São Caetano, só liberaram as aulas presenciais a partir de março.

“Esperamos que professores, governo do Estado e a sociedade entendam a necessidade de defender a vida como fator primordial neste momento”, argumentou o conselheiro da unidade de Santo André, Raphael Bueno Bernardo da Silva. Ele destacou que, apesar da greve sanitária, os professores não estão se recusando a trabalhar e querem continuar a desenvolver as atividades de forma remota, como vinha sendo feito em 2020. “Os professores se desdobraram, com seus próprios computadores, celulares e internet, para oferecer aulas on-line aos estudantes. Sabemos das limitações do ensino remoto, porém, reabrir escolas nestas condições é desprezar a vida das pessoas”, concluiu Silva.

Coordenador da subsede de São Bernardo, Aldo Santos destacou que a greve sanitária é contra a condição presencial na escola, uma vez que cerca de 25% dos professores estão afastados das salas de aula por integrarem grupos de risco para a Covid-19. “É uma greve em defesa da vida. Estamos em pleno avanço da pandemia e essa postura educacional é muito ética em relação aos seres humanos”, pontuou.

Conselheiro estadual da Apeoesp pela subsede Mauá, André Sapanos afirmou que a greve sanitária cobra não apenas a vacinação dos professores e funcionários, mas também dos alunos adultos, para garantir a segurança de todos. “Não adianta imunizar os docentes, mas não as merendeiras, o pessoal da limpeza, os alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos)”, pontuou. “Se existe um decreto municipal que garante as aulas remotas, podemos fazer isso de casa. Não faz sentido colocar o professor em risco indo para as escolas, onde não foram recebidos materiais como câmera, TV e notebook”.

A coordenadora do Polo do Grande ABC da Seduc (Secretaria da Educação), Ariane Aparecida Butrico, afirmou que as escolas estão prontas para receber os professores e que muitas delas já contam com televisores e notebooks para as aulas remotas. Nas escolas que ainda não foram contempladas com os equipamentos, Ariane afirmou que os docentes devem continuar usando os próprios recursos. “O professor que não estiver em grupo de risco deve ir para a escola”, reforçou. O governo não reconhece a legitimidade da paralisação.




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