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Estado mantém volta às aulas presenciais para dia 8 de setembro

Estimativa de pesquisador da FGV aponta crescimento de mortes entre crianças caso atividades sejam retomadas em meio à pandemia

Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
18/07/2020 | 00:01
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O governador João Doria (PSDB) anunciou ontem, em coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes, que os protocolos para a volta das aulas presenciais estão mantidos, com previsão para 8 de setembro. O secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, no entanto, esclareceu que a retomada das atividades no esquema de rodízio só será mantida se todas as regiões do Estado se mantiverem por pelo menos 28 dias na Fase 3 (amarela) do Plano São Paulo de flexibilização da quarentena.

Antes do encontro, estimativas feitas por pesquisador da FGV (Fundação Getulio Vargas) apontam que a volta às aulas em meio à pandemia poderia aumentar significativamente o número de crianças mortas pela Covid. De cerca de 300 perdas registradas atualmente de menores de 5 anos, o total saltaria para 17 mil. “Absolutamente (a aula) não pode voltar em setembro. Fiz a conta hoje (terça-feira) sobre a volta às aulas. Nós temos, no Brasil, 500 mil crianças portadoras do vírus zanzando por aí. Se você abrir, agora em 1º de agosto, mesmo usando máscara, mesmo botando distância de dois metros, no primeiro dia de aula nós vamos ter 1.700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de dez dias e quadruplicar depois de 15 dias. Então, abrir as escolas agora é genocídio”, declarou Eduardo Massad, professor titular da Escola de Matemática Aplicada da FGV.

As declarações de Massad em evento on-line da Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) motivaram questionamentos sobre o plano de abertura das escolas e o coordenador executivo do Centro de Contingência contra o Coronavírus, João Gabbardo, chegou a dizer, na quinta-feira, que o plano de volta às aulas seria reavaliado.

Após a repercussão da declaração, o pesquisador atualizou os números. “Houve mal-entendido. Em evento com a Fapesp, em momento da discussão, apresentei resultado de 17 mil óbitos pela Covid se as aulas voltassem. O meu equívoco é que eu disse que isso aconteceria nos primeiros 15 dias. Nos primeiros 15 dias, a projeção é de 1.500 mortes. As 17 mil seriam até o fim da pandemia”, disse Massad.

Os óbitos projetados pelo pesquisador seriam tanto de alunos quanto professores – ou seja, de pessoas da comunidade escolar. Não foram calculadas mortes decorrentes do contato destas pessoas com outras, no ambiente externo. Segundo o pesquisador, o modelo levou em conta que taxa de mortalidade das crianças pela Covid-19 é menor do que a da população em geral.

FLEXIBILIZAÇÃO
Na reunião em que anunciou a manutenção do cronograma da Educação, Doria atualizou as informações do Plano São Paulo. Com exceção de Piracicaba, que regrediu da Fase 2 (laranja) para a Fase 1 (vermelha) devido ao aumento dos números de casos na cidade e a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que alcançou 84,6%, as demais regiões do Estado permaneceram estáveis. Esta avaliação é feita a cada 15 dias. (com Agências) 

Réveillon da Avenida Paulista é cancelado

 Mesmo com quase seis meses para o fim de 2020, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou ontem o cancelamento da tradicional festa de Réveillon na Avenida Paulista por causa da pandemia causada pelo novo coronavírus. O evento de virada de ano atraiu 2 milhões de pessoas na última edição, das quais 41% não residiam na Capital, com a realização de apresentações musicais e queima de fogos.
 

Segundo o prefeito, o evento requer um planejamento com ao menos três meses de antecedência. Ele afirmou que tanto a prefeitura quanto o governo do Estado e os técnicos da vigilância sanitária consideram “muito temerária” a realização de um evento desse porte sem controle epidemiológico sobre a Covid-19. 


Levantamento da gestão municipal apontou que o evento movimentou R$ 648,2 milhões no último ano. “Como é um evento que requer uma organização de pelo menos três meses, envolve patrocínio, agenda de artista, pacotes promocionais de turismo, resolvemos já anunciar o cancelamento”, explicou Covas.

Semanas atrás, o tucano já havia anunciado que a Virada Cultural, que havia sido adiada para o segundo semestre, vai acontecer apenas de forma virtual neste ano. Já a realização da Marcha para Jesus e da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), também adiadas para o segundo semestre, estão em discussão com os organizadores. 



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