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Medidas estimulam redução de juros para imóvel financiado
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
02/02/2005 | 15:21
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As novas medidas para o SFH (Sistema Financeiro de Habitação) devem incentivar o financiamento de imóveis com valores mais baixos e reduzir a taxa de juros, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Divulgadas na última quinta pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), as medidas se referem ao crédito oferecido pelo SFH, que emprega recursos da caderneta de poupança para o setor de habitação. Uma das novidades foi a elevação de R$ 300 mil para R$ 350 mil do teto do valor de imóveis a serem financiados. O CNM também aumentou de R$ 150 mil para R$ 245 mil o valor máximo do montante a ser financiado, o que, na prática, se traduz em aumento da parcela financiada, que agora pode chegar a 70% do imóvel.

Outra novidade foi a introdução do conceito de fatores multiplicadores. Segundo o superintendente técnico da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), José Pereira Gonçalves, o BC (Banco Central) criou o conceito de multiplicadores para incentivar as instituições bancárias, que podem aplicar fatores de 1 a 3 sobre o valor dos serviços na prestação de contas.

Se, por exemplo, o banco concede R$ 50 mil com taxa de juros de 12% ao ano – taxa limite definida pelo SFH – o fator multiplicador é 1. Nesse caso, vai prestar contas de R$ 50 mil para o BC sobre o valor destinado ao crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança. Mas, se a instituição conceder o mesmo valor com taxas de 9% ao ano, terá 3 como fator multiplicador. Ou seja, mesmo financiando apenas R$ 50 mil, ao prestar contas, será considerado o valor de R$ 150 mil. Isso significa que ao conceder empréstimos de valores mais baixos ou oferecer taxas menores, o banco irá dispor do valor adicional para outras operações mais rentáveis do que o financiamento imobiliário.

Segundo a Abecip, em 2004 os bancos concederam empréstimos para habitação com recursos da caderneta de poupança da ordem de R$ 3,06 bilhões, um crescimento de 38% em relação a 2003, quando o total financiado foi de R$ 2,21 bilhões. Para 2005, a estimativa é que alcance R$ 4 bilhões, o equivalente à comercialização de 70 mil a 75 mil unidades com recursos da caderneta de poupança.

O presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), Milton Bigucci, acredita que, com as novas medidas, o BC premiará os bancos privados que aplicarem na habitação popular. “Com os fatores multiplicadores, esperamos que os bancos financiem valores mais baixos. A população de  baixa renda precisa de crédito, já que o déficit habitacional do Grande ABC é de 80 mil unidades”, diz.

Apesar de considerar as medidas divulgadas pelo CMN como positivas, Bigucci não concorda que os bancos utilizem os recursos da poupança para outros fins. “As instituições deveriam oferecer créditos mais baixos sem os multiplicadores.” 



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