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Após polêmica, Bush diz confiar no diretor da CIA
Da AFP
12/07/2003 | 10:36
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O presidente George W. Bush afirmou esta sábado ter "confiança" em George Tenet, depois que o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) assumiu a responsabilidade da falsa acusação de que o Iraque tentou obter urânio na África, dado que foi incluído em seu discurso sobre o estado da União.

Bush declarou seu apoio a Tenet durante seu encontro com o presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, na etapa final de seu giro pelo continente africano.

O diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, George Tenet, admitiu esta sexta-feira sua responsabilidade por ter permitido que Bush afirmasse, em janeiro passado, que o Iraque tentou adquirir material nuclear na África, informação que não era correta.

"Sou o responsável pelo processo de aprovação na minha agência", disse Tenet em um comunicado, confirmando o que disse à Casa Branca na semana passada. Ele esclareceu também que não leu o texto pessoalmente.

O presidente Bush divulgou a informação sobre a tentativa do Iraque de adquirir urânio no Níger em 28 de janeiro passado, durante seu discurso sobre o estado da União, após o texto ser revisado pelos serviços de inteligência.

Durante o discurso no Congresso, Bush apresentou a questão do urânio como um dos motivos para iniciar a guerra contra o Iraque.

Em declarações realizadas na sexta-feira, em Entebbe (Uganda), Bush garantiu que seu "discurso à Nação foi aprovado pelos serviços de inteligência. Era um discurso ao povo americano que detalhava os perigos apresentados pelo regime de Saddam Hussein". "Meu governo adotou as medidas adequadas diante destes perigos e o resultado é um mundo mais seguro e mais pacífico", destacou Bush.

Bush e sua conselheira para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, culparam diretamente a CIA pela informação incorreta divulgada no discurso do presidente.

Tenet confirmou em seu comunicado que o trecho do discurso sobre a tentativa do Iraque de adquirir urânio era do conhecimento da CIA.

No referido trecho, Bush diz que "o governo britânico sabe que Saddam Hussein adquiriu recentemente significativas quantidades de urânio da África". "Estas 16 palavras nunca deveriam ter sido incluídas no texto escrito para o presidente", admitiu Tenet.

Em carta enviada à Casa Branca nesta sexta-feira, 16 representantes democratas destacaram sua preocupação em relação aos "perturbadores e sérios questionamentos sobre a credibilidade da informação que o governo apresentou ao Congresso e ao público americano sobre a natureza e o alcance das armas de destruição em massa iraquianas".

A carta foi escrita pelo representante de Massachusetts, Ed Markey, e firmada por outros 15 legisladores. Todos aprovaram o pedido de autorização do governo para atacar o Iraque, convencidos sobre o risco iminente relacionado às armas iraquianas.

O senador democrata Joe Lieberman, pré-candidato à Presidência, pediu uma investigação para estabelecer se a administração Bush ignorou as advertências da CIA sobre o programa nuclear iraquiano.

"Sabemos agora que a informação (sobre o programa nuclear iraquiano) proporcionada durante o discurso sobre o estado da União era falsa e enganou o povo americano. Estas informações são preocupantes e é preciso uma investigação completa e detalhada" sobre isto.

Howard Dean, o outro pré-candidato democrata à Presidência, também defendeu "uma investigação independente, fora do Congresso". Dean, ex-governador de Vermont, disse que "é preciso saber a verdade".




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