Memória Titulo
E o calouro Auricchio ruma à Vila Euclides...

Ontem o prefeito José Auricchio Júnior revelou pela coluna várias preocupações da administração de São Caetano

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
09/02/2009 | 00:00
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Ontem o prefeito José Auricchio Júnior revelou pela coluna várias preocupações da administração de São Caetano com os rumos da memória municipal. A cada cobrança que fizemos, recebemos uma resposta, entre as quais que a cidade realizará o 10º Congresso de História do Grande ABC e que o Museu de São Caetano será reaberto. Temas que normalmente são abordados por assessores ganharam relevância na palavra do prefeito.

Na terra conservadora dos oriundi Campanella, Massei e Braido, quem é esse Auricchio que defende - com inteira justiça - mais espaço aos nordestinos?

O prefeito José Auricchio Júnior tem toda uma vida ligada à sua São Caetano, terra em que nasceu, nasceram seus pais, sua mulher e seus filhos e que foi descoberta pelos avós na primeira metade do século passado. A teia genealógica traz à tona uma formação étnica diversificada: os Auricchio napolitanos, os Lorenzini com raízes históricas no bairro Fundação, os Rosa e Chinaglia do lado materno.

O pai, senhor José, comerciante aposentado nascido em São Caetano em 1932; o tio Zinho (Miguel Auricchio), de 1927, goleiro titular do São Caetano EC - e fonte importante nossa quando escrevemos o livro sobre 89 anos do clube; a mãe, dona Cleide, de 1935, filha de um português imigrante que veio para trabalhar na Estrada de Ferro e que depois se estabeleceu no comércio.

Pelo lado da mulher Denise, raízes migrantes brasileiras. O sogro, cirurgião-dentista, mineiro, que veio recém-formado tentar a vida na Região Metropolitana; a sogra, professora.

Auricchio, o prefeito, nascido no Hospital da Beneficência Portuguesa de São Caetano, pelas mãos do doutor Abib João Kirche, hoje um grande amigo.

A VELHA ITÁLIA
O avô Tobias Auricchio é de uma família de migrantes da região de Nápoles, uma das cidades vizinhas ao Vesúvio, Terzigno, de pouco mais de 10 mil habitantes. A família veio duas vezes ao Brasil, a segunda em definitivo em função de uma erupção do Vesúvio. São os Auricchio da Mooca. A fixação na parte baixa do bairro, quase no Glicério paulistano. Ali está a concentração maior da família no Brasil.

PRIMEIRAS LEMBRANÇAS
Auricchio tinha quatro anos quando foi inaugurada uma escola infantil em seu bairro, a Vila Paula. Foi da primeira turma daquela que recebeu, coincidentemente, o nome do seu bisavô, Escola Municipal Pedro José Lorenzini.

"Era na rua muito próxima da nossa casa. Meus pais moram num prédio em frente. Eu vejo a escola todos os dias, a escolinha em que fiz o pré-primário."

Pois foi na Vila Paula que Auricchio viveu até se casar. Suas lembranças de infância e adolescência do bairro passam pela rua, o campinho de futebol, a escola, as brincadeiras à noite.

A rua é a Floriano Peixoto. Ninguém viajava nas férias, que eram passadas na vila. Tempo de ficar na rua até meia-noite. "Os cachorros brincavam com a gente, as senhoras andavam tranquilas nas ruas a qualquer hora."
O calçamento a paralelepípedos. E a agitação da Light na substituição das antigas lâmpadas por luminárias a vapor de mercúrio. E os jogos: de bola, de taco, de esconde-esconde, de queimada, de pega-pega. A emoção de empinar pipa...

Bem perto, na Rua Dr. Augusto de Toledo, funcionava a Porcelana Rex, da família Moreira. E ao lado da fábrica havia um terreno baldio, chamado de "terreno da Rex". "O jogo de futebol maior era nesse terreno."

PROFESSORAS
A primeira foi dona Maria Pia. Depois, a professora Maria de Lourdes Palandri Chagas, mãe do doutor Chagas, cardiologista conceituado em São Caetano.

A felicidade de cruzar hoje, e com constância, com as professoras Maria Pia, Maria de Lourdes e Odete Hidalgo pelas ruas de São Caetano. O aluno tímido que virou prefeito.

POLITICA
Os Auricchio eram seguidores da corrente braidista - do prefeito Walter Braido. Os prefeitos Oswaldo Massei e Anacleto Campanella faleceram quando ele era muito pequeno e dos dois guarda apenas uma memória fotográfica.

Hoje a cidade mantém uma trinca dos veteranos da política local, todos seus amigos e formada por Raimundo da Cunha Leite, Antonio Russo e Antonio José Dall'Anese, este assessor de gabinete de Auricchio.

ESTUDOS
O curso colegial foi o único feito fora da região, em São Paulo. Depois, a Faculdade de Medicina do ABC, num espaço - Sítio Tangará, em Santo André - que Auricchio chama de "o Vaticano", um pedaço quase neutro que pertence a todos em pleno coração do Grande ABC. Confessa: cursar Medicina foi a melhor fase da sua vida, mesmo com as crises cíclicas da Fundação ABC. Seis ou sete greves enfrentadas durante o curso, algumas de 40 ou 60 dias. E o engajamento nos movimentos.

Auricchio foi da Associação Atlética Acadêmica, na área de lazer e esporte. Vivenciou o nascimento do movimento sindical da região. Participou de um comício na Vila Euclides. Nova confissão: "Os diretórios acadêmicos se juntavam em solidariedade aos metalúrgicos. Eu era calouro. Você ia para lá e nem sabia porque. Davam uma faixa pra gente. No início do curso você não tinha ideia daquilo que estava acontecendo."

Ontem o prefeito José Auricchio Júnior revelou pela coluna várias preocupações da administração de São Caetano com os rumos da memória municipal. A cada cobrança que fizemos, recebemos uma resposta, entre as quais que a cidade realizará o 10º Congresso de História do Grande ABC e que o Museu de São Caetano será reaberto. Temas que normalmente são abordados por assessores ganharam relevância na palavra do prefeito.

Na terra conservadora dos oriundi Campanella, Massei e Braido, quem é esse Auricchio que defende - com inteira justiça - mais espaço aos nordestinos?

O prefeito José Auricchio Júnior tem toda uma vida ligada à sua São Caetano, terra em que nasceu, nasceram seus pais, sua mulher e seus filhos e que foi descoberta pelos avós na primeira metade do século passado. A teia genealógica traz à tona uma formação étnica diversificada: os Auricchio napolitanos, os Lorenzini com raízes históricas no bairro Fundação, os Rosa e Chinaglia do lado materno.

O pai, senhor José, comerciante aposentado nascido em São Caetano em 1932; o tio Zinho (Miguel Auricchio), de 1927, goleiro titular do São Caetano EC - e fonte importante nossa quando escrevemos o livro sobre 89 anos do clube; a mãe, dona Cleide, de 1935, filha de um português imigrante que veio para trabalhar na Estrada de Ferro e que depois se estabeleceu no comércio.

Pelo lado da mulher Denise, raízes migrantes brasileiras. O sogro, cirurgião-dentista, mineiro, que veio recém-formado tentar a vida na Região Metropolitana; a sogra, professora.

Auricchio, o prefeito, nascido no Hospital da Beneficência Portuguesa de São Caetano, pelas mãos do doutor Abib João Kirche, hoje um grande amigo.

A VELHA ITÁLIA
O avô Tobias Auricchio é de uma família de migrantes da região de Nápoles, uma das cidades vizinhas ao Vesúvio, Terzigno, de pouco mais de 10 mil habitantes. A família veio duas vezes ao Brasil, a segunda em definitivo em função de uma erupção do Vesúvio. São os Auricchio da Mooca. A fixação na parte baixa do bairro, quase no Glicério paulistano. Ali está a concentração maior da família no Brasil.

PRIMEIRAS LEMBRANÇAS
Auricchio tinha quatro anos quando foi inaugurada uma escola infantil em seu bairro, a Vila Paula. Foi da primeira turma daquela que recebeu, coincidentemente, o nome do seu bisavô, Escola Municipal Pedro José Lorenzini.

"Era na rua muito próxima da nossa casa. Meus pais moram num prédio em frente. Eu vejo a escola todos os dias, a escolinha em que fiz o pré-primário."

Pois foi na Vila Paula que Auricchio viveu até se casar. Suas lembranças de infância e adolescência do bairro passam pela rua, o campinho de futebol, a escola, as brincadeiras à noite.

A rua é a Floriano Peixoto. Ninguém viajava nas férias, que eram passadas na vila. Tempo de ficar na rua até meia-noite. "Os cachorros brincavam com a gente, as senhoras andavam tranquilas nas ruas a qualquer hora."

O calçamento a paralelepípedos. E a agitação da Light na substituição das antigas lâmpadas por luminárias a vapor de mercúrio. E os jogos: de bola, de taco, de esconde-esconde, de queimada, de pega-pega. A emoção de empinar pipa...

Bem perto, na Rua Dr. Augusto de Toledo, funcionava a Porcelana Rex, da família Moreira. E ao lado da fábrica havia um terreno baldio, chamado de "terreno da Rex". "O jogo de futebol maior era nesse terreno."

PROFESSORAS
A primeira foi dona Maria Pia. Depois, a professora Maria de Lourdes Palandri Chagas, mãe do doutor Chagas, cardiologista conceituado em São Caetano.

A felicidade de cruzar hoje, e com constância, com as professoras Maria Pia, Maria de Lourdes e Odete Hidalgo pelas ruas de São Caetano. O aluno tímido que virou prefeito.

POLITICA
Os Auricchio eram seguidores da corrente braidista - do prefeito Walter Braido. Os prefeitos Oswaldo Massei e Anacleto Campanella faleceram quando ele era muito pequeno e dos dois guarda apenas uma memória fotográfica.

Hoje a cidade mantém uma trinca dos veteranos da política local, todos seus amigos e formada por Raimundo da Cunha Leite, Antonio Russo e Antonio José Dall'Anese, este assessor de gabinete de Auricchio.

ESTUDOS
O curso colegial foi o único feito fora da região, em São Paulo. Depois, a Faculdade de Medicina do ABC, num espaço - Sítio Tangará, em Santo André - que Auricchio chama de "o Vaticano", um pedaço quase neutro que pertence a todos em pleno coração do Grande ABC. Confessa: cursar Medicina foi a melhor fase da sua vida, mesmo com as crises cíclicas da Fundação ABC. Seis ou sete greves enfrentadas durante o curso, algumas de 40 ou 60 dias. E o engajamento nos movimentos.

Auricchio foi da Associação Atlética Acadêmica, na área de lazer e esporte. Vivenciou o nascimento do movimento sindical da região. Participou de um comício na Vila Euclides. Nova confissão: "Os diretórios acadêmicos se juntavam em solidariedade aos metalúrgicos. Eu era calouro. Você ia para lá e nem sabia porque. Davam uma faixa pra gente. No início do curso você não tinha ideia daquilo que estava acontecendo."

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sexta-feira, 9 de fevereiro de 1979

Manchete - Amanhã, gasolina a Cr$ 9,60 e botijão de gás a Cr$ 109,20

Trabalho - Região se movimenta em favor do salário mínimo único.

Mauá - Sabesp promete mais água para a cidade.

São Bernardo - Prefeitura multa 80% dos 18 mil proprietários de imóveis notificados da necessidade de construírem muros e passeios em suas áreas.

EM 9 DE FEVEREIRO DE...
1939 - Joaquim Marcondes Camargo toma posse no cargo de delegado de polícia de Santo André.

1964 - Olaria, de Ribeirão Pires, recebe o Vila Luzita e ganha por 2 a 1, gols de Zé Preto e Ademar Roncon.

1969 - Ricardo Bandeira, mímico e poeta, traz a Santo André a peça Bonifácio, play-boy subdesenvolvido, em cartaz na Ausa (Associação dos Universitários de Santo André), com sede na Rua Luiz Pinto Flaquer.

SANTOS DO DIA
Alexandre de Roma, Apolônia, Donato e Miguel Febres Cordero (Cuenca, Equador: 1865-1910. Educador e intelectual).

AMANHÃ NA COLUNA
Auricchio apoia o tombamento do estádio da Vila Euclides, em São Bernardo. 




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