Apesar de ter se submetido a três cirurgias plásticas, o traficante Juan Carlos Ramirez Abadía não se livrou da prisão. O colombiano foi detido na semana passada no Brasil, numa operação que revelou detalhes cinematográficos do homem que usava diversos artifícios para escapar da polícia.

Além de procedimentos cirúrgicos e uso de técnicas estéticas, Abadía investia em disfarces. Roupas fechadas, chapéus e óculos de sol eram itens obrigatórios no guarda-roupa do principal traficante das Américas: artifícios conhecidos por investigadores especializados em narcotráfico.

Segundo o delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto Ferreira de Souza, a polícia mundial já está acostumada com os truques usados pelos fora-da-lei e, por isso, investe em tecnologia.

“No Brasil, nem todas as unidades contam com equipamentos modernos que permitem a identificação de um criminoso, mas o Estado é bem preparado nesse sentido. Temos parcerias com universidades, como a USP, essenciais para o bom trabalho da Polícia Científica”, diz Souza.

Em delegacias especializadas, como a Segunda Seccional Sul, da Capital, computadores com sistemas RDO (Registro Digital de Ocorrência) capturam e armazenam dados dos presos. Informações valiosas, como voz e impressões digitais, podem ser, então, usadas quando a fotografia já não revela a verdadeira identidade do procurado.

O professor de cirurgia plástica da Faculdade de Medicina do ABC André Luiz Pires de Freitas cita o artista como exemplo de quem modificou completamente o rosto. “Os procedimentos que mais alteram a expressão são exatamente os que incluem implantes de maçã do rosto, modificações no formato da mandíbula ou o transplante capilar”, explica.

Quando pedidos do tipo são mencionados em consultório, a intenção do paciente pode ser percebida. “É muito raro alguém querer mudar o rosto de forma radical. Além disso, os médicos sérios não apóiam cirurgias desnecessárias”, ressalta Freitas.

O avanço da tecnologia permite que técnicas simples, como reimplante de cabelos, dê bons resultados. O empresário Marcos Valério – famoso pelo esquema do Mensalão –, é prova disso.