Fora dos ringues, a disputa era entre São Bernardo e São Caetano. Mas dentro dele, quem fez a festa foi o pugilista Weber Mendonça, o Panaca, de Santo André. O atleta se despediu da modalidade ontem. Não foi do jeito que imaginou, já que foi derrotado por Didimo do Nascimento, de São Bernardo, no duelo pelo ouro da categoria até 60 kg.

Mesmo assim, o boxeador foi aplaudido de pé por todos os torcedores que estiveram no Pavilhão Vera Cruz. Panaca vai trocar os ringues pelo Judiciário. O veterano atleta, de 33 anos, se formou o ano passado em Direito e passou no concurso para a Procuradoria Geral do Estado. "Chegou a hora de exercer a profissão da qual me graduei. Não encerrei minha carreira do jeito que quis, dando um ouro para Santo André, mas sei que fiz muito pelo esporte", explicou o boxeador, que conquistou cinco ouros nos Abertos.

A história de Panaca é parecida com a de muitos atletas que brigaram pelo título desta edição dos Jogos. Deixou o Pará ainda muito novo para tentar a sorte em São Paulo. O boxe já fazia parte de sua rotina, mas ele queria mudar de vida e ser campeão. Por isso, deixou a família e se mudou para Santo André. "Já faz 20 anos que estou aqui. Faz tanto tempo, que eu já me sinto um andreense de nascimento", afirmou o agora ex-pugilista.

Para chegar à decisão da categoria até 60 kg, Panaca precisou enfrentar quatro adversários. Venceu todos. Agora, o desafio será muito maior. O ex-boxeador tentará conciliar a função na Procuradoria do Estado com o cargo de treinador. "Deixei os ringues, mas ainda sou técnico da equipe de Santo André. Não sei por quanto tempo", disse.

Fortalecimento – Panaca acredita que o boxe amador ganhou muita força no Brasil em função do intercâmbio com dois técnicos cubanos. "Agora temos condições de competir em qualquer país. Nosso boxe era decadente e carente. Eles fizeram uma revolução na modalidade e nivelou nossos atletas aos melhores do mundo. Tenho certeza de que aprendi muito com eles durante este tempo em que estive dentro dos ringues", completou.