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Solteiros e independentes, velhinhos aderem ao ‘ficar’
Por Adriana Ferraz e Vanessa Selicani
Especial para o Diário
02/09/2007 | 07:26
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Eles casaram, tiveram filhos, trabalharam a vida toda e agora estão sozinhos, ou quase. Nos bailes lotados da terceira idade, todos buscam companhia, mas sem compromisso. Namoro e casamento são lembranças do passado. A regra agora é apenas ficar.

As mulheres são maioria, disputam aos tapas os parceiros na pista de dança. O passatempo é levado a sério. O cuidado com o figurino é visível. Em busca de um convite para dançar, todas capricham na maquiagem e cabelo.

Os homens não ficam atrás. Eles aparecem de sapato brilhando e camisa engomada, mas investem mesmo na lábia e no charme. A conquista não segue regras, mas é comandada pelo ritmo da música. Entre uma dança e outra pode rolar um beijo, um abraço e, quem sabe, uma esticadinha.

“Danço com umas 20 mulheres por noite. Trocamos carinho e digo para todas que lá dentro somos namorados e, do lado de fora, é só amizade”, conta Antônio Amancio, 70 anos.

Os bons dançarinos têm mais sucesso na conquista. “É melhor paquerar depois dos 50 anos. Não tem que disfarçar com comentários como ‘você é tão bonitinha’. Elas sabem o que você quer e não fazem tipo”, diz Júlio Moura, 67 anos.

Mas diferentemente do que acredita Júlio, as mulheres não gostam de dizer que ficam. Elas temem serem vistas com maus olhos.

Liberdade - Quando o romance acaba, cada um segue para sua casa. As mulheres fogem do estereótipo de donas de casas. Depois de anos vivendo em função de marido, a sensação de independência supera a solidão.

“Eu gosto de namorar, mas não dá para morar junto. Eles querem alguém para arrumar as roupas, cozinhar, limpar a casa e ir dançar nos bailes”, reclama Maria das Dores Queirós, 68 anos.

Para a coordenadora do Portal Terceira Idade, Tony Bernstein, o fim do casamento, por mais que haja amor, liberta as pessoas com mais de 50 anos. “Eles amaram, mas o casamento deixa marcas. Normalmente, a mulher vem de uma relação machista em que precisou viver para a família. Quando acaba, quer ser livre”, diz.

Para o coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Fernando Bignardi, a mudança de comportamento é compreensível. “Uma pessoa com mais de 65 anos é hoje muito mais ativa. Faz faculdade e está aberta ao amor e ao sexo.”




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