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Após ficar cego em mutirão da catarata, paciente sofre AVC
Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
16/02/2016 | 07:00
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Não bastasse estar entre os 18 pacientes que passaram pelo mutirão de cirurgias de catarata de São Bernardo e perderam a visão, o aposentado Pelegrino Focher Riatto, 74 anos, sofreu AVC (Acidente Vascular Cerebral) no dia 6 e segue internado em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital das Clínicas, na Capital. A família considera que o derrame cerebral está associado à perda da visão. “Os médicos não descartam, até porque o AVC também foi do lado direito”, ressalta o cunhado do paciente, o empresário aposentado José Carlos Batani, 64.

Indignados, os parentes pretendem aderir à ação coletiva que está sendo elaborada por familiares de 12 vítimas contra a administração do prefeito Luiz Marinho (PT). “(A ação) Não vai devolver a visão dele nem a qualidade de vida, mas é uma forma de alertar o poder público para que tome mais cuidado nas próximas cirurgias”, considera Batani.

Da mesma forma que as demais vítimas, Riatto começou a sentir forte dor no olho direito, o que recebeu o procedimento cirúrgico, no dia 1º, quando procurou atendimento no PS (Pronto-Socorro) Central. “Ele foi medicado e voltou para casa. Na quarta-feira, passou por avaliação e foi encaminhado para o Hospital das Clínicas em estado grave. No sábado, quando ele teria alta, embora tivesse que continuar o tratamento para conter a infecção, ele passou mal e a tomografia constatou o AVC”, lembra Batani.

A principal preocupação dos parentes no momento é com o estado psicológico de Riatto. “Ainda não sabemos se ele ficou com sequelas, mas está com a voz lentificada. O que mais está nos preocupando é a tristeza. Ele era uma pessoa ativa, apesar da idade”, comenta Batani.

Os procedimentos cirúrgicos foram realizados em 27 pessoas no Hospital de Clínicas de São Bernardo, no dia 30 de janeiro, sendo que 21 delas foram infectadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa. Até o momento, ao menos 18 pacientes ficaram cegos, dez precisaram remover o globo ocular e dez seguem internados.

A Prefeitura ainda desconhece a causa da contaminação e a expectativa é que o resultado da sindicância aberta seja conhecido até o início de março. Enquanto isso, a Secretaria de Saúde do município suspendeu o convênio com o Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, terceirizada contratada desde 2013 e responsável pelos procedimentos cirúrgicos.

O caso é alvo de investigação por parte do Ministério Público e também motivou o pedido de abertura de CPI (Comissões Parlamentar de Inquérito) na Câmara de Vereadores da cidade.  




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