Política Titulo GRUPO DOS DISSIDENTES
Cunha manobra para criar ala avulsa de siglas e evitar composição ‘chapa branca’

Decisão serve ainda para adiar processo de cassação do mandato no Conselho de Ética

Por Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
08/12/2015 | 07:00
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Na tentativa de barrar chapa majoritariamente governista na comissão especial do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), o mandatário da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB), manobrou ontem para criação de bloco avulso de parlamentares. A medida evita movimento por composição ligado ao Planalto, cenário que estava se desenhando na Casa. Com a decisão, o peemedebista adiou a escolha dos nomes para hoje, em articulação firmada para lançar ala independente em conjunto com partidos da bancada de oposição e dissidentes do colegiado.

O procedimento serve como fórmula de confrontar a indicação de líderes de legendas (confira lista ao lado) que tenham afinidade política com o governo em siglas notadamente rachadas, entre elas o próprio PMDB, PSD e PR. A ala acolheria parlamentares contrários à petista. A insatisfação de Cunha se deu, principalmente, com a postura de seu correligionário, deputado Leonardo Picciani, líder peemedebista na Câmara, e que definiu na comissão nomes contrários ao afastamento da presidente. Diante da situação, partidos de oposição, como PPS, DEM e SD, retiraram seus representantes da chapa original.

Indicado pelo PPS, e com reduto no Grande ABC, o deputado Alex Manente saiu em defesa da deliberação de Cunha ao avaliar que a formação de “chapa alternativa” deixa o processo independente, caso contrário, os indicados “cumpririam apenas a orientação do governo”. “Não estava sendo representativa. O momento é de abraçar os parlamentares insatisfeitos com a situação. Essa comissão paralela vai abrigar justamente aqueles partidos cujos líderes estão na base (de sustentação). É a possibilidade de esses deputados não se comportarem como tal, sem ficar chapa branca. Vamos entrar na ala alternativa.”

Cada chapa necessita ter, no mínimo, 33 componentes. O Planalto visa acelerar a tramitação – cogitando, inclusive, apreciação até janeiro –, verificando que pode ter maioria para enterrar o impeachment. O governo petista considera que possui votos suficientes para arquivar o pedido. Cabe à comissão especial emitir parecer, embora não definitivo, pelo arquivamento ou abertura do processo, que se descerrado passará por votação em plenário. Em contrapartida, a oposição adota proposta para postergar a composição com o alvo de buscar apoio.

A plenária para compor a comissão especial tende a ser realizada às 14h, no mesmo horário em que a Comissão de Ética da Casa deve colocar em votação se acata ou não o pedido de cassação do mandato de Cunha, acusado de corrupção e de ter contas secretas na Suíça. A manobra do peemedebista pode protelar análise do caso.  




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