Política Titulo Manutenção de frota
Marinho contrata diretor
que chama Lula de 'Brahma'

Em 4 anos, Uzeda Comércio e Serviços recebeu
R$ 2,1 mi da Prefeitura de São Bernardo

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
19/07/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), mantém contrato há quatro anos com a Uzeda Comércio e Serviços Ltda, cujo dono é Augusto Cesar Uzeda. O empresário foi diretor da área internacional da Construtora OAS e apareceu na investigação da Operação Lava Jato, da PF (Polícia Federal), chamando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ‘Brahma’.

Entre 2011 e 2015, a Uzeda Comércio e Serviços Ltda recebeu R$ 2,1 milhões da gestão Marinho. O objeto do contrato é “prestação de serviços de mão de obra com aplicação de peças originais e genuínas na manutenção de mecânica (freio, suspensão, direção, injeção, refrigeração, lubrificação, transmissão, motor), bem como elétrica, funilaria, pintura, tapeçaria, carroceria, caçamba, baú, ar-condicionado e socorro mecânico em guincho tipo plataforma nos veículos da frota municipal”. O acordo ainda está vigente e a quantia repassada à empresa vai subir.

Cesar Uzeda foi relacionado à Lava Jato quando policiais interceptaram troca de e-mails e mensagens de celular dele com Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. Numa das conversas, Cesar Uzeda tratou com Pinheiro sobre palestra de Lula em Santiago, no Chile. O empresário esteve, ainda de acordo com a PF, em outras viagens internacionais do ex-presidente, relatando proximidade.

De acordo com investigadores, o apelido ‘Brahma’ era usado pelos empresários para disfarçar teor de várias conversas consideradas sigilosas. Lula era o interlocutor preferido dos diretores da OAS com o governo federal porque, conforme a apuração, a presidente Dilma Rousseff (PT) não tinha tato para lidar com as negociações da construtora.

Lula é padrinho político de Marinho. Foi o principal fiador e cabo eleitoral da candidatura do petista a prefeito de São Bernardo em 2008, quando ainda era presidente da República. Em sua gestão, fez projetos do pupilo furarem fila e serem privilegiados em lista de benesses da União.

Em segundo mandato, esse é o terceiro contrato direto de Marinho em empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato. A Construtora OAS, apontada pela PF como corruptora no esquema de desvio de recursos na Petrobras, é responsável, por exemplo, pelo Projeto Drenar, obra antienchente que custa R$ 600 milhões aos cofres públicos – parte do empreendimento segue em ritmo moroso.

A Construtora Odebrecht – alvo da 14ª fase da Lava Jato – está à frente de contrato para erguer 560 apartamentos em conjunto habitacional no Jardim Silvina, ao custo de R$ 59,3 milhões (recursos do governo federal, da gestão estadual e terreno doado pela Prefeitura).

Procurada, a gestão Marinho não se manifestou sobre o caso. A Uzeda Comércio e Serviços também evitou comentários sobre o contrato com São Bernardo.  




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