Economia Titulo Sazonal
Tempo seco atrapalha conserto de guarda-chuvas

Em comparação aos anos anteriores, a procura pelo serviço chega a cair 91%

Marina Teodoro
Especial para o Diário
24/02/2015 | 07:22
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Ari Paleta/DGABC


Com o tempo seco e a má fase da economia no País – que refletiu negativamente no comércio de itens que fazem parte do dia a dia das pessoas, como o guarda-chuva –, nem as chuvas contínuas da semana passada, que atrapalharam a Folia do Carnaval, alavancaram o conserto do acessório.

O profissional que realiza esse tipo de trabalho, embora cada vez mais escasso na região, costuma ser bastante procurado nesta época do ano. No entanto, não é o que tem acontecido. No ramo há 30 anos, Genival Fonseca, que trabalha em Santo André, diz que nunca viu algo parecido. “A clientela diminuiu bastante. No mesmo período dos anos anteriores estávamos consertando 50 guarda-chuvas por dia (350 por semana). Hoje não passam de 30 por semana”, lamenta.

A queda drástica de 91% nos reparos também influenciou no lucro de Fonseca. Em meses de bastante movimento, que vão de novembro a abril, ele chegava a faturar R$ 2.000. Atualmente, o máximo que consegue é R$ 1.200.

Segundo os profissionais da área, a diminuição da demanda não tem relação com o ritmo lento da economia brasileira. De acordo com reportagem publicada pelo Diário na semana passada, a venda do produto havia caído devido ao endividamento do consumidor, que tem colocado o pé no freio mesmo para comprar um guarda-chuva, que custa entre R$ 5,40 e R$ 50. Mas Fonseca afirma que, no caso de conserto, a procura diminuiu porque as condições climáticas estão atípicas. “Sem chuvas durante o dia, as pessoas deixam o guarda-chuva na bolsa. Desse jeito ele não quebra.”

Para Paulo Cesar Correia Leite, que trabalha há 19 anos reparando o produto em São Caetano, as pessoas vão à procura de conserto do acessório porque gostam do guarda-chuva e não querem perdê-lo. “Conserto os itens de qualidade por um preço que compensa. É por isso que as pessoas vêm, independentemente se têm ou não dinheiro. Neste ano, a situação mudou porque o tempo não colaborou”.

Vindo de uma família de “guarda-chuveiros”, como ele próprio denomina a atividade, Leite comenta que o volume de trabalho caiu 30% neste ano. “Há alguns anos, eu trabalhava a semana inteira e ainda levava para casa no fim de semana cerca de 30 guarda-chuvas porque aqui (na oficina) eu não dava conta. Ultimamente, poucas foram as vezes que fiz isso”, comenta. Sua demanda costumava aumentar 50% nos meses mais chuvosos se comparados aos neutros (julho, agosto e setembro).

O reparo de sombrinhas e guarda-chuvas tem custo que varia entre R$ 5 e R$ 15, dependendo do defeito, que pode ser na costura, na vareta ou até no pano. Mas, se o conserto for em guarda-sóis, o desembolso pode chegar à R$ 40.

Esse foi o jeito que Leite encontrou para compensar a queda na procura por seu trabalho. “Aumentei minha produção em relação a esse produto. Além de ser mais rápido na entrega, a época de férias, feriado, sol e calor ajudam na procura.”

Para a aposentada andreense Clara Dias, 74 anos, o serviço é indispensável. “Mandei consertar um guarda-chuva de 1930, que pertenceu à minha mãe. O trabalho foi tão benfeito que passei a trazer os de todo mundo da minha família sempre que quebra, porque vale a pena. Já trouxe guarda-sol também.” 




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