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‘Desejo é que Oswana continue como minha vice’

O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), sinalizou pela primeira vez abertamente interesse na manutenção do nome de Oswana Fameli (PRP).

Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
03/02/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), sinalizou pela primeira vez abertamente interesse na manutenção do nome de Oswana Fameli (PRP), atual número dois do Paço, para compor a chapa majoritária do projeto de reeleição petista, em 2016. “Meu desejo é que ela se mantenha como vice e repita a dobrada (de 2012)”, afirmou, em entrevista ao Diário, dando indícios do início das articulações para formação do arco de alianças para o próximo pleito municipal.

Grana era reticente em tratar do assunto. Hoje no começo do penúltimo ano de mandato, ele falou sobre a situação. O posto é disputado por partidos da base de situação. Em contrapartida, já há movimentações políticas que podem levar Oswana para outra legenda da futura coligação, como o PSD. A jogada seguraria o ex-vereador Paulinho Serra, titular da Pasta de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, no grupo. Grana evitou, porém, entrar neste campo. “Daqui até o processo decisório algumas mudanças poderão acontecer, inclusive partidárias. O planejamento é de composição ampla.”

O prefeito sustentou que atua para contar com o PDT como aliado desde o primeiro turno, antecipando conversas adiantadas também com PSD, PRP, PCdoB e PHS. Os pedetistas lançaram candidatura própria no último páreo, com Raimundo Salles, hoje no PPS. “Estamos acreditando que é possível ter o PDT junto conosco na eleição”, disse. Segundo Grana, a concorrência ao Paço andreense tende a conter de sete a dez candidaturas – na anterior, foram seis nomes. “São mais de 30 partidos no País. Tem alguns que necessariamente precisam lançar para ter espaço político.”

Ao comentar a queda de arrecadação da Prefeitura e o ajuste fiscal aplicado pela presidente Dilma Rousseff (PT), o petista reiterou que o governo tem tomado medidas para equacionar as despesas e diminuir o deficit financeiro.

É possível haver cortes em contratos firmados com o governo federal e Santo André sofrer as consequências do ajuste fiscal aplicado pela presidente Dilma Rousseff (PT)?
Vamos ter reunião no Consórcio (Intermunicipal do Grande ABC, dia 9) com o (ministro das Cidades) Gilberto Kassab (PSD). Mas boa parte daquilo que temos de convênio com o governo federal são provenientes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ou (programa) Minha Casa, Minha Vida. Isso está em grande parte em fase bastante avançada, inclusive a questão das (dez) creches. Não creio que teremos corte daquilo já contratado. Não significa que venhamos a ter no futuro entrave para novos projetos. Temos a ETA (Estação de Tratamento de Água) do Pedroso que já está em curso, assim como a revitalização de Paranapiacaba, construção de dois CEUs (Centro Educacional Unificado) das Artes e PAC Mobilidade está no projeto executivo. Minha Casa, Minha Vida, urbanização na ordem de R$ 500 milhões. Desse conjunto está seguro que não terá impacto de suspensão.

Como atuar com a queda de arrecadação que todos os municípios estão enfrentando e diante desse ajuste fiscal?
Vamos ter que ser criativos. Fazer mais com menos. Significa que teremos mais dificuldade em equacionar as despesas. Algumas ações já temos feito. Em relação a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) estávamos há dois anos conversando (com o governo de São Paulo) e acabamos de resolver a questão das merendas das escolas da rede estadual. O Estado assumiu, inclusive, já fez licitação. Estamos dando apoio porque é fase de transição, mas implica redução de gasto importante. A gente vinha subsidiando a merenda. Em relação ao convênio médico dos servidores. O Instituto (de Previdência de Santo André) administra a rede privada. Hoje o deficit está acima de R$ 15 milhões. Já tem acumulado de R$ 14 milhões. Para essa equação estamos buscando solução. Fizemos licitação (para contratar empresa de convênio médico), pois a Prefeitura é mantenedora. São R$ 56 milhões ao ano. Tem que aportar recurso do tesouro, o que chega a R$ 70 milhões. O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) está equilibrado, mesmo com desconto de 30% no segundo semestre. São medidas para diminuir o deficit (financeiro) e compensar, se não na totalidade, parcialmente a queda de receita.

Não está na hora de agir de forma mais macro os gastos públicos? Pois não é problema pontual só de Santo André. Não seria necessário discutir participação de entes federativos?
Os municípios acabaram, de 1988 para cá, assumindo muitos serviços e não têm a receita ou repasse que acompanha essa evolução de gastos. É necessário sim. Apesar da continuidade (da gestão) da presidente (Dilma), como ela disse (na campanha), governo novo, ideias novas. É preciso olhar com mais atenção o repasse, sem contar o problema crônico de precatórios. Estamos pagando 3,8% da receita corrente líquida. Isso significa quase R$ 70 milhões ao ano. Todo mês sai aproximadamente R$ 6 milhões. É grave. Estamos dialogando com o Judiciário, porque temos questionamentos quanto às correções, mas isso não vai diminuir, talvez não tenha que aumentar. O estoque de precatório sangra o município. Esse custo que nós poderíamos usar na melhoria de serviços da Educação ou Saúde temos que arcar com todo esse volume. São quase R$ 300 milhões em um mandato. Com esse montante o que não daria fazer? É dinheiro na veia, crônico. O governo anterior pagava 2,5%. Fomos forçados a aumentar por conta do prazo para (finalizar) pagamento. Tomamos medida de dar deságio, mas a efetividade disso está pequena. Neste ano pode ter resultado. Então, neste ano é de mais aperto.

No terceiro ano de mandato, alguns prefeitos já iniciam conversas para projeto de reeleição. Dentro desta linha, o que o sr. tem colocado junto ao secretariado e possíveis candidatos em 2016?
Está muito no início. A primeira tarefa nós elegemos o presidente do PT (de Santo André), Luiz Turco, para deputado estadual. Ele vai cumprir o papel de coordenar todo o processo de articulação política com vistas a compor chapa forte, que o PT será um dos partidos. A proposta é editar frente mais ampla do que disputamos a eleição passada, com maior número de partidos e candidatos. Éramos candidatura de oposição, muita gente tinha dúvida. O PT tem planejamento agora da sua direção com os integrantes do governo, em fevereiro. De cara vamos analisar o quadro político. O diálogo com aliados tem que ser acelerado. Não sei se antes do Carnaval, mas certamente depois (desse período) haverá novidades de movimentação em partidos políticos, filiações.

O sr. enxerga hoje o cenário eleitoral com quantos candidatos concorrendo contra o PT?
Acredito que haverá de sete a dez (candidaturas). São mais de 30 partidos no País. Tem alguns que necessariamente precisam lançar para ter espaço político, não que tenham pretensões de ganhar a eleição, mas é natural esse movimento visando se fortalecer. Tem ‘n’ legendas novas e do outro lado os que têm tradição aqui na cidade vão evidentemente apresentar candidatura. Santo André é a quinta maior cidade do Estado. Todo partido acima de 100 mil eleitores quer lançar nome próprio e criar espaço político. Num momento de conjuntura de que há disputa acirrada as siglas colocam a necessidade de se apresentar como alternativa e apresentar programa.

O resultado da eleição presidencial, na qual o candidato de oposição, senador Aécio Neves (PSDB), ganhou na cidade, isso fortalece o interesse de voo solo de outros partidos?
Faz tempo que em eleição presidencial o PT não ganha no município. Mas esse pleito (ao Planalto) é um e o municipal é completamente diferente. São outros elementos que levam o eleitor a fazer suas escolhas. Não é automático. Cada eleição tem sua particularidade. A Dilma perdeu a primeira eleição (em 2010) para o (José) Serra (PSDB) e eu ganhei dois anos depois (em 2012). Em um prognóstico que pouca gente acreditava. É importante bom planejamento e apostar num bom desempenho do governo, que não é só PT. Há aliança forte com PT, PSD, PRP, PCdoB, PHS. Já estamos contando para a coalizão.

O PDT também deve aparecer na lista de parceiros para a reeleição?
Iniciamos diálogo. Tive reunião no fim do ano passado com o presidente nacional, Carlos Lupi. Tive neste ano com o Luiz Antônio de Medeiros (ex-presidente da Força Sindical e integrante da cúpula nacional). Temos conversado também com as lideranças (da sigla) aqui do município. Estamos acreditando que é possível ter o PDT junto conosco na eleição de 2016. A legenda teve candidatura própria em 2012 (com Raimundo Salles, hoje no PPS). Agora caminhamos para ter a sigla como aliada desde o primeiro turno.

Outra coisa que se especula no campo político é eventual troca de vice pela condição de o PRP não ser partido de grande força em outras esferas. Como o sr. tem tratado este assunto?
Tenho ótimo relacionamento com a vice (Oswana Fameli, PRP). Todos acompanham extraordinária ligação. Ela foi grande surpresa, bem-vinda para a política. (Em 2012) Primeira vez que foi candidata e que entrou diretamente em uma campanha (eleitoral). Teve papel importante na vitória, tem função de destaque no governo (ocupa o cargo de secretária de Desenvolvimento Econômico). Meu desejo é que ela continue como vice e repita essa dobrada, a parceria. Daqui até o processo decisório algumas mudanças poderão acontecer, inclusive partidárias. O planejamento é de composição ampla. Essa discussão (troca) é sempre presente. Mas o meu desejo, como resposta direta, é que ela se mantenha como vice-prefeita.

Existe a possibilidade de trazer a Oswana para outro partido coligado?
Tenho boa relação com o PRP. Devo me reunir com o José Evangelista (presidente municipal) e o vereador Tonho Lagoa para continuarmos como aliados no processo. Quero que o PRP continue na nossa aliança.




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