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Histórias dos carreiros Piranga do Meninos

Aparecida de Oliveira Alves, a dona Cida. Oitenta e oito anos ontem completados...

Por Ademir Medici
01/02/2015 | 07:00
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Aparecida de Oliveira Alves, a dona Cida. Oitenta e oito anos ontem completados. Nossa querida colaboradora de Rudge Ramos, em São Bernardo. Semana passada voltamos a estar com ela. Quem nos levou foi o filho Joel. E tivemos a companhia de dois irmãos mais novos de dona Cida. Conhecemos a dona Paulina e o Valdomiro – o Miro de Mauá, militar reformado.

Tomamos café. E revivemos uma história aqui já contada, repetida em detalhes por dona Cida.

O avô Paulino Antonio de Oliveira, apelido Paulo Piranga, benzedor e carreiro. Ele e seus filhos. Vinham com oito carros de boi dos fundões de Piraporinha, transportando feixes de lenha chamados mucutas – seis carros do Paulino, outros dois do filho Manoel Antonio de Oliveira.

No bairro dos Meninos, Marcelina Alves de Oliveira, mulher do Paulo Piranga, e suas filhas, ouviam o canto gemente das rodas dos carros de boi, lá longe, pelo lado do ‘Esmaga Sapo’, hoje Vila Pauliceia. Era a hora de pôr água para ferver.

O tempo era suficiente para fazer café, numa chaleira azul, enorme, com capacidade para mais de cinco litros.

Os carreiros paravam para o lanche. E depois seguiam em direção a São Caetano para distribuir as mucutas nas casas dos fregueses, incluindo-se casas comerciais.

Não havia a Via Anchieta. A Estrada do Sacramento seguia, serpenteando, em direção ao sertão de Piraporinha. E tudo isso a menina Cida acompanhou e guardou na memória.

Paulino Antonio de Oliveira, o Paulo Piranga, benzedor e carreiro (Taboão, 1865 – Meninos, 1940). Hoje repousa no Cemitério-Museu de Vila Euclides.

A Estrada do Sacramento seguindo em direção à Zona Sul de São Paulo. A Estrada das Lágrimas cortando São Caetano em direção ao Sacomã. E as ruínas de um velho pouso de tropeiro na bifurcação da Estrada das Lágrimas com a Estrada do Vergueiro, perto da casa dos Piranga do Meninos.

Paisagem da infância dos irmãos Adelino, Manoel, Claudino, Benedito, Francisco, Juvenal, Leopoldina e Rosa, oito dos 16 filhos de Paulino e Marcelina.

Paisagem, também, da terceira geração: Aparecida, Francisco, Paulina, Nair, Miro e Nilton, seis dos dez filhos do casal Manoel Antonio de Oliveira e Antonia Mariana, ela neta de alemães.

Numa quarta geração, cálculos por cima, 50 netos de Manoel e Antonia. Calculando os filhos e netos dos tios e tias, mais de 200 Piranga hoje espalhados em várias cidades.

Jardineiras chegavam lotadas de São Paulo em busca do benzedor Paulo Piranga, também festeiro nas quermesses de São João Batista, da antiga capelinha do bairro dos Meninos.

Dona Marcelina, aflita, procurando a peneira da cozinha, que a neta Cida, levada da breca, pegava emprestada para mariscar camarões, acreditem!, no Ribeirão dos Meninos.

E a pequena Cida seguindo com o pai, avô e tios a São Caetano para a distribuição das mucutas. Oito anos de idade apenas, 80 anos atrás.

Aquela tropa seguindo e se dividindo para atender aos vários pontos de São Caetano. Dona Cida lembra que os Toyoda da Rua Amazonas, com fábrica de cerâmica, eram os maiores fregueses.
Lenha seca, eventualmente misturada com algumas varas de lenha verde, esta ruim para o fogo.

O que era o bairro dos Meninos? Uma vila, com umas 12 casas e três vendas: a do Alfeu Tavares, a do Ernesto Cleto (que chegou a vereador) e a venda nº 1 pelo lado dos Dotto.

Dito, do Taboão, vinha fazer compras no Meninos.

A Avenida Dr. Rudge Ramos de hoje se confundia com a Estrada do Vergueiro. Uma pista mais elevada, outra mais baixa.

Do tempo em que Rudge Ramos, delegado de polícia, reformou a Estrada Velha do Mar e abriu a Avenida Caminho do Mar, quase 100 anos atrás – e com o auxílio de presidiários.

Dr. Rudge Ramos, compadre do Paulo Piranga, padrinho do Juvenal de Oliveira, tio da Cida, da Paulina e do Miro, dessas histórias que antecederam a chegada de indústrias como a Retorcedeira Ipiranga e o Laboratório Torres, na saída da Estrada do Taboão, onde Cida conheceu o marido João Alves. E formaram uma bela família.

News Seller há 50 anos

Domingo, 31 de janeiro de 1965 – ano 7, nº 352

Primeira Página – Instalada solenemente a Faculdade de Direito de São Bernardo, com a presença do ministro do Trabalho.

Que horas são? – Entra em vigor hoje o horário de verão: relógios são adiantados em uma hora até 31 de março.

Diário há 30 anos

Sexta-feira, 1º de fevereiro de 1985 – ano 27, nº 5738

Manchete – Bancos credores procuram Dornelles para negociar (Francisco Neves Dornelles, virtual ministro da Fazenda do governo Tancredo Neves)

Grande ABC – Os sete prefeitos completam hoje dois anos de governo e decidem criar um consórcio intermunicipal. Ideia é interligar as cidades e solucionar problemas comuns. Inspiração vem da 8ª Região Administrativa do Estado, área de Votuporanga, que reúne 17 municípios.

Os sete prefeitos: Newton Brandão (Santo André), Aron Galante – Walter Demarchi (São Bernardo), Walter Braido (São Caetano), Gilson Menezes (Diadema), Leonel Damo (Mauá), Valdírio Prisco (Ribeirão Pires) e Willian Valério Ramos (Rio Grande da Serra).

Rádio – Chansons d’Amour, com Gilbert, eleito o melhor programa de música europeia em FM, conforme a revista Quatro Rodas. O programa estreou na Grande ABC FM, do Grupo Diário, em 1982.

Em 1º de fevereiro de...

1915 – A Light tem instalado luz em grande número de prédios da Estação de São Caetano, hoje município de São Caetano “do Sul”. Diz o correspondente do Estadão: “O futuroso sítio tem vivido às escuras.”

- A guerra. Da manchete do Estadão: “Combates de artilharia em toda a linha.”

1935 – Humberto Moura nasce em Santo André, na Rua Coronel Oliveira Lima, num dos antigos sobradinhos da família Magini que ali existiam. Ficariam em frente ao atual Cine Tangará. É filho de José Andrade Moura (Capela SE 28/2/1905 – Santo André 30/6/1993). Pioneiro da Rhodia. Humberto é também colaborador assíduo e orientador desta página Memória.

Hoje

- Dia do Publicitário

Santos do dia

- Santa Veridiana (Itália, †1242). Eremita beneditina do ramo valumbrosano. Nascida em Castelfiorentino, durante alguns anos foi governanta na casa de uma rica família, mas logo sentiu o chamado para a solidão. É venerada como padroeira da Toscana.

- Severo

- Henrique Morse 




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