O ex-ministro russo da Energia atômica, Evgueni Adamov, será extraditado para a Rússia, e não para os Estados Unidos, segundo uma decisão da justiça suíça anunciada nesta quinta-feira, revertendo um julgamento anterior.

Nesta sentença do dia 22 de dezembro, divulgada nesta quinta-feira, o Tribunal federal, a mais alta instância judiciária helvética, decidiu a favor de Adamov, que queria ser extraditado para seu país para responder às acusações de desvio de verbas.

Evgueni Adamov, de 66 anos, foi preso no dia 2 de maio de 2005 em Berna, a pedido das autoridades americanas, que o acusam de ter desviado mais de 9 milhões de dólares enviados por Washington a Moscou para a melhoria da segurança nuclear na Rússia.

No fim de junho, os Estados Unidos apresentaram um pedido de extradição, depois de a Rússia ter feito o mesmo em maio.

Em primeira instância, a justiça havia decidido extraditar Adamov para os Estados Unidos, mas o ex-ministro russo recorreu ao Tribunal Federal, que julgou em última instância.

Na sentença, os juízes explicam que é preciso "dar prioridade ao pedido da Rússia em virtude do direito internacional".

"A Rússia está atrás de uma de suas autoridades", enquanto os Estados Unidos "perseguem um ex-membro de um governo estrangeiro por causa de uma suposta gestão desonesta dos interesses público em detrimento de um Estado estrangeiro (a Rússia)", explicaram os juízes suíços.

A justiça americana acusa Adamov de calote, receptação, lavagem de dinheiro e fraude fiscal quando ele era ministro da Energia Nuclear entre 1998 e 2001.

A Rússia, que alega que o ex-ministro poderá revelar segredos nucleares em caso de julgamento nos Estados Unidos, acusa Adamov de ter desviado cerca de 17 milhões de dólares durante seu mandato ministerial.

Os Estados Unidos mostraram-se decepcionados após a decisão da Corte Suíça. "O governo dos Estados Unidos respeita a decisão do Tribunal federal, mas está muito decepcionado", declarou um diplomata da embaixada dos Estados Unidos em Berna.

"Evgueni Adamov é acusado de delitos cometidos em território americano, sobretudo de ter desviado dinheiro de contribuintes americanos que eram destinados a permitir que Moscou melhorasse a segurança de suas instalações nucleares", acrescentou o diplomata.