A reabertura do antigo 'Ninho da Águia', de Adolf Hitler, como hotel de luxo em Berchtesgaden vem gerando polêmica na Alemanha. Situado a mil metros de altitude sobre o nível do mar, na região alpina da alta Baviera, o Intercontinental Resort Berchtesgaden, com 138 quartos e 12 suítes, propõe "um oásis em meio a uma paisagem espetacular" por um preço entre 270 e 1,3 mil euros (US$ 354 e US$ 1.703) a diária.

A polêmica foi criada porque o local era o antigo refúgio de descanso do ditador nazista Adolf Hitler e foi o segundo centro de poder do Terceiro Reich. O hotel foi construído entre as antigas vilas de Hermann Goering (chefe da Luftwaffe) e Martin Bormann, secretário particular de Hitler. "É um lugar contaminado pela ideologia dos camisas pardas", segundo Marian Offermann, do Conselho Judaico Central da Alemanha. "Eu não entraria nunca ali", garantiu.

"O Obersalzber é um local carregado de história. A marca dos altos membros (do Terceiro Reich) está e continuará presente", disse, por sua vez, o ministro bávaro das Finanças, Kurt Faltlhauser. Na sua opinião, o hotel dará à região "um novo impulso para o turismo". O estado regional da Baviera, proprietário do local, financiou um centro de documentação sobre o Ninho da Águia e o nazismo', localizado a 300 metros do hotel.

Hitler esteve em várias oportunidades no Obersalzberg entre 1923 e sua ascensão ao poder, em 1933. Em 1925 escreveu ali a segunda parte do livro 'Minha Luta' (Mein Kampf).

Quando foi eleito chanceler do Terceiro Reich, Hitler comprou o edifício para transformá-lo, pouco a pouco, numa residência luxuosa, em meio a um complexo ao qual o acesso da população era proibido, e torná-lo o segundo centro de poder dos nazistas, depois de Berlim.

O local compreendia a vila de Hitler, as de diversos encarregados do regime, como Goering, Bormann e o arquiteto Albert Speer, um quartel e uma galeria de bunkers (todos ainda não descobertos), construídos no interior da montanha.

Destruído em 25 de abril de 1945 por bombardeios britânicos, o Obersalzberg foi ocupado pelas forças americanas para transformá-lo em "local de repouso para as tropas americanas".

Para a turística cidade de Berchtesgaden, as questões econômicas predominaram sobre as históricas na restauração do edifício. "É muito positivo, porque teremos ali uma boa clientela", disse Marion Huber, proprietária de uma loja de móveis de luxo. "Perdemos entre 30 e 40% de nossas vendas desde a partida dos americanos daqui", acrescentou.