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Seguro de carro para jovens pode custar até 300% mais
Por Hugo Cilo e Marcelo Moreira
Do Diário do Grande ABC
05/02/2006 | 08:07
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O típico sorriso no rosto do jovem que compra o primeiro carro geralmente se desfaz no momento de contratar o seguro – em especial no caso de quem vive no Grande ABC. Se os altos índices de roubos e furtos são argumentos freqüentes – mas nem sempre convincentes – para as seguradoras reajustarem os preços, ter entre 18 e 25 anos é razão para as companhias torcerem o nariz e cobrar ainda mais caro.

As empresas se valem de estatísticas próprias para elevar o preço de forma abusiva, em boa parte dos casos, os valores de renovação. Segundo estudo interno de uma grande companhia de seguros do país – divulgado em primeira mão ao Diário –, essa faixa de idade respondeu por cerca de 55% dos acidentes urbanos e 63% dos rodoviários no ano passado.

Por essa razão, um jovem solteiro pode pagar até 300% mais pelo seguro de um mesmo modelo de veículo em relação a um condutor de 40 anos e que seja casado.

Os números são endossados pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito). De acordo com último relatório do órgão, de cada três motoristas que se envolveram em acidente de trânsito na cidade de São Paulo em 2005, um tinha menos de 25 anos. A mesma pesquisa aponta que um em cada cem segurados sofriam algum tipo de acidente em 12 meses. Entre jovens, o número dobra para 16.

Esse pode ser apenas mais um artifício para jogar o preço do seguro nas alturas. Para indignação dos consumidores, renovar a apólice em janeiro passado custou até 100% a mais no Grande ABC para vários modelos, embora tenha havido queda nos índices de roubo e furto em Santo André em 2005.

Em São Bernardo e em São Caetano, as ocorrências cresceram, respectivamente 20% e 44% em relação a 2004 – bem abaixo, portanto, dos reajustes praticados pelas seguradoras –  o que mostra que foram excessivos em alguns casos.

Curso – De olho no perfil do jovem condutor, a Porto Seguro lançou o Auto Jovem – seguro voltado para clientes com até 25 anos. A companhia elaborou um pacote de serviços voltados à educação no trânsito e direção preventiva. Gratuitamente, os jovens podem participar de curso de pilotagem no Autódromo de Interlagos, sob orientação da Escola Roberto Manzini. Quem faz o curso ganha descontos que variam de 3% a 25% na apólice, de acordo com modelo do carro e o local de residência. Ainda assim, os preços podem ficam nas alturas.

“Tivemos redução de 20% nas perdas totais (colisão em que o valor do conserto ultrapassa 40% do preço de tabela do veículo) entre os jovens após o início do curso. O resultado foi muito bom. Ou seja, os jovens não deixaram de bater o carro, mas passaram a bater mais leve”, explica o gerente de Auto da Porto Seguro, Marcelo Sebastião.

Fraude – Iniciativas voltadas aos jovens à parte, o fato é que o preço do seguro de automóvel para menores de 25 anos não só esbarra na inviabilidade como se torna abusivo. Levantamento realizado pelo Diário aponta que o valor do seguro anual de um Fiat Uno Mille, ano 2005, para cliente sem bônus, morador de Santo André, está em R$ 1,9 mil, em média, para consumidor homem, de 40 anos. O mesmo seguro, desta vez cotado para um jovem de 20 anos, fica em R$ 4,8 mil – quase 25% do valor do veículo, avaliado em R$ 23 mil.

Por isso, não é raro encontrar quem coloca o seguro em nome dos pais ou informa o endereço de residência no interior do Estado ou litoral, regiões em que a ocorrência de roubos e furtos é menor. “Esse é um dos grande problemas do setor hoje. Mas repassar à seguradora sempre informações verdadeiras evita dor de cabeça em caso de sinistro”, diz o presidente do Sincor-ABC, Carlos Alberto Pelais. “No entanto, as fraudes já representam 30% das ocorrências”, acrescenta Marcelo Sebastião, da Porto Seguro.



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